quinta-feira, 25 de maio de 2017

Abuso Sexual na Infância e a Cura!

Olá! Sejam bem-vindos!

foto: pixabay
Nesta postagem, nossa intenção é responder algumas questões através do Livro “Lágrimas Secretas: Cura Para as Vítimas de Abuso Sexual na Infância”. Queremos, também,  refletir a respeito de vários assuntos relacionados ao ASI e a cura.

Antes, vamos entender um pouco sobre o que significa ASI Para a compreensão do que é considerado abuso sexual será fornecida a definição usada pela Organização Mundial da Saúde:

"Abuso sexual infantil é todo envolvimento de uma criança em uma atividade sexual na qual não compreende completamente, já que não está preparada em termos de seu desenvolvimento. Não entendendo a situação, a criança, por conseguinte, torna-se incapaz de informar seu consentimento. São também aqueles atos que violam leis ou tabus sociais em uma determinada sociedade. O abuso sexual infantil é evidenciado pela atividade entre uma criança com um adulto ou entre uma criança com outra criança ou adolescente que pela idade ou nível de desenvolvimento está em uma relação de responsabilidade, confiança ou poder com a criança abusada. É qualquer ato que pretende gratificar ou satisfazer as necessidades sexuais de outra pessoa, incluindo indução ou coerção de uma criança para engajar-se em qualquer atividade sexual ilegal. Pode incluir também práticas com caráter de exploração, como uso de crianças em prostituição, o uso de crianças em atividades e materiais pornográficos, assim como quaisquer outras práticas sexuais".

Então, vamos às perguntas...

Como se apresenta a tragédia do abuso?
- Na verdade, a tragédia do abuso se apresenta de vários modos, mas uma característica principal e que se repete em muitos casos é que as vítimas do ASI frequentemente se vêm repetindo padrões e iniciando relacionamentos em que passam por violações semelhantes ao abuso sofrido no passado. A nova ofensa apenas intensifica a decisão de se refugiar em suas próprias fontes de força e defesa. Bem, a consequência disto é perda e tristeza, para eles e para outros.

Há esperança para pessoas que passaram pelo ASI?
- Sim, há esperança. No entanto, esta esperança só pode surgir depois que o perigo do abuso tenha sido encarado.

O que é necessário para que uma pessoa inicie o processo de restauração?
- O trabalho de restauração não pode ser iniciado até que o problema seja encarado de frente. Há necessidade de enxergar o que de fato o abuso faz à alma de quem passou pelo ASI e os danos causados a outras pessoas relacionadas com o abuso. E, só assim, começaremos a entender um pouco o processo de cura.

Creio que a mudança mais profunda dentro de nós ocorre no momento em que nos mantemos fiéis, abertos e engajados em um relacionamento comunitário.
foto: pixabay
Quem é o verdadeiro inimigo no processo total de restauração?
- O primeiro grande inimigo da cura permanente é a propensão que temos em tirar os olhos da ferida e fingir que as coisas estão bem. E isto ocorre em função da vergonha e o desprezo que a pessoa que foi abusada sente.

Por que é tão difícil buscar a restauração?
- Porque existe uma relutância natural em encarar o problema. O abuso sexual em si já é um assunto difícil que causa um sentimento de vergonha horrível e desconfortável.

Seria o perdão da vítima para quem a abusou a melhor alternativa para a restauração?
- Bem, há várias saídas apresentadas às vítimas de ASI. No entanto, boa parte delas, aumentam o fardo e levam as vítimas a um novo tipo de culpa, pois o perdão baseado na negação, as pressões para amar e o alívio rápido da dor, através de dramáticas intervenções espirituais podem atrasar mais ainda o processo.

É preciso lembrar que, esconder o passado sempre implica negação; negação do passado é sempre a negação de Deus. Assim, esquecer a história pessoal é o equivalente a tentar esquecer-se de si mesmo e da jornada que Deus o chamou a trilhar.

E o amor? Seria o amor algo que pudesse libertar a pessoa que sofreu de ASI e assim iniciar a jornada de cura para ela?
- O amor pode ser forçado, mas será que atingirá sua plenitude somente pelo exercício de fazer as coisas corretas, em detrimento da falta de paixão, desejo ou autenticidade demonstrada em relação à pessoa que causou o dano? É preciso lembrar que a pessoa precisa mais do que simplesmente receber ordens para amar.


Há uma maneira mais rápida de curar uma pessoa que passou pelo ASI?
- Curas rápidas nunca resolvem problemas profundos. Ao contrário, oferecem uma mudança que requer pouco mais do que se deixar anestesiar antes de uma cirurgia. E o que podemos verificar é que a tal cura rápida pode deixar transparecer uma certa sensação de alívio inicial, sem se aprofundar no dano, mas que não vai demorar muito para que as dores voltem e com mais intensidade ainda.

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Como observamos, a cura para uma pessoa que passou pelo ASI não é algo simples. Assim, na próxima postagem, aprofundaremos nossa pesquisa sobre a questão da cura, o medo, a vergonha e tantos outros subtemas que viabilizam o entendimento e compreensão deste tema tão complexo em se lidar!

Um abraço e até a próxima postagem!

Rai Godoy - Especialista em Sexualidade, Inteligência Emocional e Analista de Perfil Comportamental - Life Coach - Conselheira Profissional - Membro da ABRASEX, SBRASH e SLAC.
 
 



domingo, 14 de maio de 2017

Abuso Sexual na Infância: Orquídea!


Foto: pixabay
Sejam todos bem-vindos, esta é a nossa segunda entrevista sobre alguém que passou pelo ASI e vem buscando a superação dia após dia.

Sua capacidade de ajudar as pessoas ao seu redor se revela única e cheia de amor! Ela inspira confiança e amor ao próximo. Nunca coloca impedimentos para socorrer quem precisa. Mulher forte e que que já trilhou um caminho muito complexo, mas que suas atitudes de mulher honesta a faz superar tudo o que precisa para alcançar seus próprios objetivos sem esquecer das pessoas ao seu redor! E, como vocês já sabem, o nome é um segredo, mas apelidamos ela de Orquídea.

Bem, as perguntas são semelhantes a da entrevista anterior, nossa intenção é mostrar como cada pessoa é única em suas experiências, vivências, escolhas e etc.
Bem, vamos à entrevista...

SM – Seja bem-vinda em nosso blog e agradecemos muito a sua participação e disponibilidade em nos ajudar nesta jornada de superação.
R- Obrigada!!

SM - Quantos anos você tem?
R- 38 Anos

SM – Como foi a sua infância? O que lembra até os sete anos, aproximadamente?
R- Eu fui criada pelos meus avós maternos, desde que eu tinha 1 ano e 7 meses.  Minha mãe faleceu com 21 anos de idade, depois de vários abortos. E isto, fez com que a saúde dela ficasse debilitada.

Eu sempre sofri muito por não ter tido carinho de mãe. A minha família, nesta época, sempre me referia como a filha da XXXX (nome da minha mãe) como se eu não tivesse identidade.
Lembro que eu era uma menina carente, assustada e deprimida. Todas as noites eu chorava perguntando a Deus porque Ele fez isso comigo... ter levado a minha mãe e me deixado sozinha! A minha família era conservadora, mas convivíamos com o alcoolismo e, por debaixo dos panos, se escondia a pedofilia, que acontecia antes mesmo de eu nascer.

SM – A pessoa que te abusou, era da família? Que tipo de ligação ela tinha com a sua família?
R- A pessoa que me abusou é da minha família, um tio materno, uma pessoa acima de qualquer suspeita.

SM – Qual era o seu maior medo em relação ao abuso sofrido?
R- Na época, era acontecer outra vez, embora eu só tinha 5 anos de idade e não tinha ciência do que era, eu sentia que era algo muito ruim.

SM – Qual foi o pior momento sofrido no abuso?
R- Eu lembro nitidamente... eu estava assistindo televisão com a minha avó e esse tio. Depois de algum tempo, minha avó foi tomar banho, então ele me chamou falando que ia brincar comigo, me colocou de bruços, tirou meu short, começou a se masturbar em cima de mim e teve um momento que ele forçou e eu reagi na hora... quis levantar e olhar para trás, ele sempre com uma voz calma falando desculpa não olha para trás, titio não vai fazer mais... continue olhando a televisão que depois vou te dar um doce. Enquanto ele colocava a mão dele em minhas partes íntimas.  Eu quis levantar porque senti que algo estava errado, mas não sabia o que estava acontecendo, eu só tinha 5 anos e ninguém nunca falou nada disso comigo. Afinal ele era meu tio... o que de ruim ele ia fazer comigo que era sobrinha?

Quando a minha avó chegou e viu, começou a gritar com ele e depois quase me bateu, perguntando porque eu havia deixado? Fiquei pensando: “Deixei o que”?

Eu não sabia o que havia acontecendo, mas ela ainda me ameaçou dizendo que se eu contasse para alguém ia queimar minha língua. Seu medo era a possibilidade de acontecer uma tragédia na família. Só que a tragédia já estava acontecendo na minha vida!

Perdoei o meu tio, mais os traumas psicológicos me perseguem. E só descobri o que tinha acontecido comigo naquela época na escola já com os meus 8 anos, aonde você aprende de tudo.

Foto: pixabay

SM – Naquele período dos abusos, quem foi a pessoa que você mais desejou que te protegesse?
R- Minha Avó, ela tentou me proteger me vigiando tudo o que eu fazia, como se a culpa fosse minha.

SM – Acredita que, devido aos abusos sofridos, você tenha tido uma fase adulta confusa? Acredita que, sem os abusos terem acontecido, sua vida teria sido melhor?
R- Acredito, em muitas áreas da minha vida fui afetada. Quando tive meus filhos, sempre estava com muito medo de algo acontecer. Até hoje, com a minha filha mais nova (com 12 anos) ... quando ela vai para casa do pai, tenho pesadelos! Fico muito aflita e com medo de algo acontecer!  Ee ela demora a chegar em casa depois da escola, fico inquieta.

Eu sempre conversei com os meus filhos sobre abuso sexual desde a mais tenra idade deles, obviamente na linguagem deles. Na minha vida conjugal, há momentos que surgem as imagens do ASI como se fosse um flash!

SM – Se você voltasse a infância e pudesse mudar algo, o que mudaria?
R- Nossa não tem como escrever isso sem as lágrimas não rolarem pelo meu rosto (choro). Mudaria a possibilidade de ter uma família que prestasse atenção em mim, pois eu era órfã de mãe e pai, tudo que precisava era de amor e proteção.... Proteção... era o que eu precisava (choro).

SM – O que você gostaria de falar para as mães que estão lendo esta sua entrevista?
R- Mães prestem atenção nos seus filhos, sejam meninas ou meninos, porque eu só contei a minha história, mas acredite aconteceu com outros primos e primas, infelizmente, o silêncio deu força para ele (meu tio) continuar. Mantenham um diálogo aberto. Preparem seus filhos para o mundo, ensinem que o silêncio faz mal. Hoje, sou conselheira Tutelar e, infelizmente, tenho que dizer que o ASI é mais comum do que se pode imaginar. Para nossa tristeza, 95% dos casos os abusadores são: os pais, padrastos e familiares mais próximos.

Se você sentir algo errado, mesmo que seja a menor da intuição ou gestos suspeitos, redobre sua atenção com suas crianças. É nosso dever proteger nossos filhos e manter um diálogo aberto e de confiança.

SM - O que você gostaria de falar que ainda não perguntamos?
R- Porque o seu tio fez isso com você?

Resposta: Só depois que cresci, descobri que o meu avô materno, já tinha tentando abusar de uma tia e em seguida, minha mãe foi estuprada pelo irmão. Já esse tio que abusou de mim tem ódio do pai até os dias de hoje, mesmo ele já sendo falecido.  Acreditamos que ele foi abusado pelo pai. Acredito que ele repetiu o que fizeram com ele... essa violência e crueldade com um ser indefeso... não o estou inocentando dos erros cometidos.


SM – Agradecemos muito por você ter nos ajudado através desta entrevista. Que a sua vida seja mais e mais de superação.

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Se você quiser colaborar, escreva sua experiência de superação e envie para e-mail raigodoy@hotmail.com

Até a próxima postagem!

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Rai Godoy - Especialista em Sexualidade, Inteligência Emocional e Analista de Perfil Comportamental - Life Coach - Conselheira Profissional - Membro da ABRASEX, SBRASH e SLAC.

 
 

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Abuso Sexual na Infância: Beija-Flor!


pixabay.com
Sejam todos bem-vindos, assim como no ano passado, durante o mês de maio, estamos fazendo entrevistas com pessoas especiais. E hoje, queremos mostrar a história de uma mulher muito especial. O nome, é um segredo, mas é uma pessoa que é muito querida por aqueles que a conhece!

Uma pessoa delicada, gentil e muito sensível. Além de ser uma doce pessoa é uma mulher bonita, inteligente e cuidadosa! Apelidamos ela de Beija-Flor!

Então, vamos à entrevista...

SM – Seja bem-vinda em nosso blog e agradecemos muito a sua participação e disponibilidade em nos ajudar nesta jornada de superação.
R- Obrigada, é um prazer poder ajudar.

SM - Quantos anos você tem?
R- 42 anos.

SM – Como foi a sua infância? O que lembra até os sete anos, aproximadamente?
R- Apesar de todas dificuldades, eu era feliz! Tenho muitos irmãos... meu pai era motorista de ônibus e tinha outra família, morávamos em uma kitnet de vila em uma comunidade na baixada fluminense. Depois que meu pai faleceu tudo piorou e minha mãe teve que trabalhar fora e em pouco tempo ela conheceu meu padrasto e logo o levou para morar com a gente.

SM – A pessoa que te abusou, era da família? Que tipo de ligação ela tinha com a sua família?
R- Sim, meu padrasto.

SM – Qual era o seu maior medo em relação ao abuso sofrido?
R-Alguém descobrir e ninguém acreditar em mim.

SM – Qual foi o pior momento sofrido no abuso?
R- Lembro nitidamente... minha mãe tinha saído e eu estava dormindo, quando acordei de repente e meu padrasto estava colocando o pênis na minha boca, minha mãe chegou na hora, ele tentou disfarçar e colocou o travesseiro no meu rosto. Contei para minha mãe e disse também que ele já tinha feito várias vezes... eu dormia no chão, todas as noites e ele mexia na minha vagina com o pé, eu ficava imóvel não sabia o que fazer. Bem, ele se irritou e disse que eu estava inventando... até quis me bater! Minha mãe disse que eu estava mentindo, pois disse ela: "quem cala, consente"! Assim, eu não tive mais o que fazer.

SM – Naquele período dos abusos, quem foi a pessoa que você mais desejou que te protegesse?
R- Minha mãe
pixabay.com

SM – Acredita que, devido aos abusos sofridos, você tenha tido uma fase adulta confusa?
R- Sim, com certeza.

SM – Se você voltasse a infância e pudesse mudar algo, o que mudaria?
R- Moraria com meus avós, apesar de eles serem rígidos.

SM – O que você gostaria de falar para as mães que estão lendo esta sua entrevista?
R- Dê atenção aos seus filhos, conversem com eles, observem se há mudança de comportamento, sejam amigos, confidentes, etc.

SM - O que você gostaria de falar que ainda não perguntamos?
R- Acredito que tudo isso atrapalhou e muito a minha vida, principalmente na área emocional, temperamento, nas escolhas dos meus parceiros e de uma certa forma, transmito isso para os meus filhos, mas estou buscando ajuda e conseguindo superar tudo isso.

SM – Agradeço muito por você ter nos ajudado através desta entrevista. Que a sua vida seja mais e mais de superação.
R- Amém! Que eu possa ser útil.

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Se você quiser colaborar, escreva sua experiência de superação e envie para e-mail raigodoy@hotmail.com

Até a próxima entrevista!

Rai Godoy - Especialista em Sexualidade, Inteligência Emocional e Analista de Perfil Comportamental - Life Coach - Conselheira Profissional - Membro da ABRASEX, SBRASH e SLAC.


quinta-feira, 4 de maio de 2017

Maio: Abuso Sexual na Infância!

Olá! Sejam bem-vindos!

O mês de maio chegou e como nossos leitores e colaboradores sabem, este é um mês em que nos dedicamos a abordar o tema do Abuso Sexual Infantil – ASI. Algumas das nossas postagens serão de reflexões sobre o ASI a partir do livro Lágrimas Secretas: “Cura para as Vítimas de Abuso Sexual na Infância”. Este é um livro de grande repercussão e muito tem a nos ajudar na compreensão de subtemas relacionados ao ASI.


Subtemas do ASI como: a busca da cura, as lembranças do abuso sofrido, a escolha por desconfiar de Deus, como encarar as recordações do passado e tantos outros serão alvos de nossas postagens. Entretanto, queremos, como no ano passado, postar entrevistas (anônimas para quem não se sentir à vontade em se expor) e histórias de pessoas que passaram pelo ASI.

Então, se você tem uma história de superação do ASI e quiser cooperar conosco, por favor, nos envie a sua história, mesmo de forma anônima para que possamos compartilhar em nosso blog e assim, ajudar aos que viveram esta dor e ainda não superaram, mesmo com o passar dos anos.

Colabore conosco durante este mês de maio enviando sua história ou mesmo um e-mail dizendo que gostaria de colaborar e entraremos em contato: raigodoy@hotmail.com

Que este mês de maio seja de grande ajuda para todos os que precisam de cura e de boas expectativa para uma vida de paz!

Grande abraço a todos que vieram e até a próxima postagem sobre ASI.
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Este e todos outros textos deste blog foram produzidos e são de responsabilidade:

Rai Godoy - Especialista em Sexualidade, Inteligência Emocional e Analista de Perfil Comportamental - Life Coach - Conselheira Profissional - Membro da ABRASEX, SBRASH e SLAC.