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Foto: pixabay |
Sejam
todos bem-vindos, esta é a nossa segunda entrevista sobre alguém que passou
pelo ASI e vem buscando a superação dia após dia.
Sua
capacidade de ajudar as pessoas ao seu redor se revela única e cheia de amor! Ela
inspira confiança e amor ao próximo. Nunca coloca impedimentos para socorrer
quem precisa. Mulher forte e que que já trilhou um caminho muito complexo, mas
que suas atitudes de mulher honesta a faz superar tudo o que precisa para
alcançar seus próprios objetivos sem esquecer das pessoas ao seu redor! E, como
vocês já sabem, o nome é um segredo, mas apelidamos ela de Orquídea.
Bem,
as perguntas são semelhantes a da entrevista anterior, nossa intenção é mostrar
como cada pessoa é única em suas experiências, vivências, escolhas e etc.
Bem,
vamos à entrevista...
SM
– Seja bem-vinda em nosso blog e agradecemos muito a sua participação e
disponibilidade em nos ajudar nesta jornada de superação.
R- Obrigada!!
SM
- Quantos anos você tem?
R- 38 Anos
SM
– Como foi a sua infância? O que lembra até os sete anos, aproximadamente?
R- Eu fui
criada pelos meus avós maternos, desde que eu tinha 1 ano e 7 meses. Minha mãe faleceu com 21 anos de idade,
depois de vários abortos. E isto, fez com que a saúde dela ficasse debilitada.
Eu sempre sofri
muito por não ter tido carinho de mãe. A minha família, nesta época, sempre me
referia como a filha da XXXX (nome da minha mãe) como se eu não tivesse
identidade.
Lembro que eu
era uma menina carente, assustada e deprimida. Todas as noites eu chorava
perguntando a Deus porque Ele fez isso comigo... ter levado a minha mãe e me
deixado sozinha! A minha família era conservadora, mas convivíamos com o
alcoolismo e, por debaixo dos panos, se escondia a pedofilia, que acontecia
antes mesmo de eu nascer.
SM
– A pessoa que te abusou, era da família? Que tipo de ligação ela tinha com a
sua família?
R- A pessoa que
me abusou é da minha família, um tio materno, uma pessoa acima de qualquer
suspeita.
SM
– Qual era o seu maior medo em relação ao abuso sofrido?
R- Na época,
era acontecer outra vez, embora eu só tinha 5 anos de idade e não tinha ciência
do que era, eu sentia que era algo muito ruim.
SM
– Qual foi o pior momento sofrido no abuso?
R- Eu lembro
nitidamente... eu estava assistindo televisão com a minha avó e esse tio.
Depois de algum tempo, minha avó foi tomar banho, então ele me chamou falando
que ia brincar comigo, me colocou de bruços, tirou meu short, começou a se
masturbar em cima de mim e teve um momento que ele forçou e eu reagi na hora...
quis levantar e olhar para trás, ele sempre com uma voz calma falando desculpa
não olha para trás, titio não vai fazer mais... continue olhando a televisão
que depois vou te dar um doce. Enquanto ele colocava a mão dele em minhas
partes íntimas. Eu quis levantar porque
senti que algo estava errado, mas não sabia o que estava acontecendo, eu só
tinha 5 anos e ninguém nunca falou nada disso comigo. Afinal ele era meu tio...
o que de ruim ele ia fazer comigo que era sobrinha?
Quando a minha
avó chegou e viu, começou a gritar com ele e depois quase me bateu, perguntando
porque eu havia deixado? Fiquei pensando: “Deixei o que”?
Eu não sabia o
que havia acontecendo, mas ela ainda me ameaçou dizendo que se eu contasse para
alguém ia queimar minha língua. Seu medo era a possibilidade de acontecer uma
tragédia na família. Só que a tragédia já estava acontecendo na minha vida!
Perdoei o meu
tio, mais os traumas psicológicos me perseguem. E só descobri o que tinha
acontecido comigo naquela época na escola já com os meus 8 anos, aonde você
aprende de tudo.
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Foto: pixabay |
SM
– Naquele período dos abusos, quem foi a pessoa que você mais desejou que te
protegesse?
R- Minha Avó,
ela tentou me proteger me vigiando tudo o que eu fazia, como se a culpa fosse minha.
SM
– Acredita que, devido aos abusos sofridos, você tenha tido uma fase adulta
confusa? Acredita que, sem os abusos terem acontecido, sua vida teria sido
melhor?
R- Acredito, em
muitas áreas da minha vida fui afetada. Quando tive meus filhos, sempre estava com
muito medo de algo acontecer. Até hoje, com a minha filha mais nova (com 12
anos) ... quando ela vai para casa do pai, tenho pesadelos! Fico muito aflita e
com medo de algo acontecer! Ee ela
demora a chegar em casa depois da escola, fico inquieta.
Eu sempre
conversei com os meus filhos sobre abuso sexual desde a mais tenra idade deles,
obviamente na linguagem deles. Na minha vida conjugal, há momentos que surgem as
imagens do ASI como se fosse um flash!
SM
– Se você voltasse a infância e pudesse mudar algo, o que mudaria?
R- Nossa não
tem como escrever isso sem as lágrimas não rolarem pelo meu rosto (choro). Mudaria
a possibilidade de ter uma família que prestasse atenção em mim, pois eu era
órfã de mãe e pai, tudo que precisava era de amor e proteção.... Proteção...
era o que eu precisava (choro).
SM
– O que você gostaria de falar para as mães que estão lendo esta sua
entrevista?
R- Mães prestem
atenção nos seus filhos, sejam meninas ou meninos, porque eu só contei a minha
história, mas acredite aconteceu com outros primos e primas, infelizmente, o
silêncio deu força para ele (meu tio) continuar. Mantenham um diálogo aberto.
Preparem seus filhos para o mundo, ensinem que o silêncio faz mal. Hoje, sou
conselheira Tutelar e, infelizmente, tenho que dizer que o ASI é mais comum do
que se pode imaginar. Para nossa tristeza, 95% dos casos os abusadores são: os pais,
padrastos e familiares mais próximos.
Se você sentir
algo errado, mesmo que seja a menor da intuição ou gestos suspeitos, redobre sua
atenção com suas crianças. É nosso dever proteger nossos filhos e manter um
diálogo aberto e de confiança.
SM
- O que você gostaria de falar que ainda não perguntamos?
R- Porque o seu
tio fez isso com você?
Resposta: Só
depois que cresci, descobri que o meu avô materno, já tinha tentando abusar de
uma tia e em seguida, minha mãe foi estuprada pelo irmão. Já esse tio que
abusou de mim tem ódio do pai até os dias de hoje, mesmo ele já sendo
falecido. Acreditamos que ele foi
abusado pelo pai. Acredito que ele repetiu o que fizeram com ele... essa
violência e crueldade com um ser indefeso... não o estou inocentando dos erros
cometidos.
SM
– Agradecemos muito por você ter nos ajudado através desta entrevista. Que a sua
vida seja mais e mais de superação.
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Se você quiser colaborar, escreva sua experiência de superação e envie para e-mail raigodoy@hotmail.com
Até a próxima postagem!
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