segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Abuso Sexual na Infância: 3º estágio!


Olá queridos... sejam bem-vindos!
Foto do site: pixabay.com
Devido a viagens e muito trabalho extra, estive um tempo sem escrever para este blog, mas hoje, estamos de volta para continuação de nossas postagens sobre os estágios do abuso sexual na infância. Abordaremos o terceiro dos quatro estágios. Os estágios anteriores podem ser encontrados nas postagens abaixo desta.

Estágio: O abuso

Estamos nos referindo ao abuso sexual propriamente dito, seja por interação física ou psicológica. Segundo Allender (2008, p.122) o abuso pode acontecer de variadas maneiras e vir de tantas fontes distintas que chega a ser perigoso falar sobre ele sem algumas precauções.

É importante lembrar que existe uma graduação clara quanto à severidade e intensidade do dano causado pelo abuso. Abaixo, algumas considerações sobre este estágio.

1- Quanto à natureza do relacionamento, pode ser variado, mas existe aqueles que são mais específicos e principalmente quanto ao grau de proximidade (pai versus vizinho);
2- Quanto ao grau de intimidade anterior ao abuso, isto desempenha um papel importante na extensão do dano;
3- Quanto ao grau com que a violência física ou psicológica foi usada ou serviu de ameaça também influencia os resultados de curto e longo prazo.

As considerações acima, são de Allender (2008, p.123), mas como especialista em inteligência emocional, adiciono a seguinte observação: 

É importante lembrar que, além das considerações acima apresentadas por Allender, o fator interpretativo e significativo dado aos abusos pela vítima, podem potencializar o sofrimento e as marcas deixadas. Cada ser humano é único e tem suas próprias possibilidades interpretativas e dão significado diferentes para o abuso que sofreu, por exemplo: uma pessoa pode ter sofrido o abuso sexual psicológico, mas o seu aprisionamento pode ser maior e mais profundo do que outra criança que sofreu o abuso psicológico e físico. Assim, dizer que um abuso é mais devastador que o outro, apenas pela verificação dos fatos, é perigoso e até danoso, pois, sem querer, a vítima pode entender que a sua dor está sendo atenuada ou potencializada.

Foto do site: pixabay.com

Não fácil chegar a um resultado que determine a gravidade do dano. Geralmente, “o abuso sexual acontece num contexto de vazio, confusão e solidão, um contexto que prepara a vítima para um desconcertante relacionamento de traição, ambivalência e impotência à medida que o adulto passa de uma fase à outra do processo”. Allender (2008, p. 124)

A traição envolve mais coisas do que a sabotagem da relação. É também intensamente pessoal e física. Este é um conceito difícil de entender e de aceitar, especialmente por aqueles que sofreram o abuso.

Devemos pensar na complexidade que é falar sobre a questão do despertamento sexual que o abuso físico traz. Afinal, o corpo humano é capacitado para sentir prazer, mas este tipo de despertamento é pervertido pelo abuso sexual. É preciso lembrar que, gostando ou não, o abuso traz consigo um despertar de prazer na vítima... um prazer legítimo, dentro de um contexto que faz com que a apreciação seja um veneno perigoso.

Allender (2008, p. 125) conta a história de uma jovenzinha de 13 anos que foi abusada por uma autoridade eclesiástica que acompanhava a família dela desde que ela era apenas uma criancinha.

No momento em que o abuso sexual propriamente dito se iniciou, ela se sentiu extremamente ambivalente quanto ao relacionamento. Por um lado, ela apreciava a proximidade e a intimidade e, por outro, sentia-se assustada e culpada. Sentiu-se despertada sexualmente por seu toque, mas, ao mesmo tempo, usada e vulgar. Seu compromisso em acabar com aquele relacionamento abusivo parecia forte o suficiente nos momentos em que estava sozinha; ao sentir o toque suava das mãos dele, a determinação se desvanecia. Ela se sentia fraca e derrotada: sentia-se uma traidora todas as vezes que se encontravam.

É difícil descrever a experiência paradoxal da ambivalência. Ter uma emoção forte (terror) e um sentimento igualmente poderoso (desejo) parece algo inconcebível. Adicione-se a confusão à contradição. Como alguém pode odiar e desejar a mesma pessoa? Como se pode apreciar e odiar o prazer sexual vivido durante o abuso? A confluência de correntes emocionais tão antagônicas faz com que a vítima se sinta enfraquecida, louca e envergonhada. (Allender, 2008, p. 125)
  
Por não controlar a resposta psicológica ao prazer, e a incapacidade de interromper o abuso, muitas crianças sentem-se traídas pelo seu próprio corpo. É até desgostoso escrever isto, mas despertamento sensual, prazer sexual e até mesmo o orgasmo podem acontecer quando uma criança sofre abuso, mesmo quando há um forte desejo de evitar a sensação.

O despertamento sexual não será vivenciado em todas as situações em que houver um abuso. Em alguns casos, o temor vai bloquear o despertamento; em outros casos, a dor física é tão severa que o prazer é impossível.

Claro que, até pode ser que não ocorra nenhum despertamento consciente, pois a vítima pode dissociar seu pensamentos e sentimentos de sua experiência física. Conforme Allender, (2008, p.126, 127) “Este estado é similar ao que se chama de experiência extracorpórea ou transe hipnótico auto-induzido... Quando a informação é por demais opressora, um fusível queima, impedindo que todo o sistema elétrico se danifique... Não é incomum que a vítima bloqueie totalmente seus sentimentos de ódio...”

Segundo Allender (2008, p. 127), existe uma combinação de impotência, traição e ambivalência que contribui e constitui para o estabelecimento de avassaladoras emoções traumáticas.

A impotência revela uma incapacidade da vítima em afastar-se do agressor ou, ainda a concorrência interna onde as emoções se tornam impossíveis de serem coordenadas. As vítimas, muitas vezes, preferem não ter qualquer tipo de sentimento.

Na ambivalência Sexual, é importante destacar que nem todos os abusos do estágio 3 implicam violação física. O abuso sexual propriamente dito inclui interações psicológicas que são extremamente danosas. Um exemplo de interação psicológica, Allender (2008, p. 127), cita a história de um treinador que depois de levar o seu aluno a executar um exercício complexo, frequentemente tocava a nuca dele, gentilmente apertava seus ombros ou fazia comentários sobre a graciosidade e força de seu corpo em desenvolvimento.

E uma coisa intrigante pela qual Allender, nos lembra, diz respeito ao ódio da traição e o pânico oriundo da possibilidade de perda do relacionamento com o abusador e familiares da vítima e isto, cria ambivalência na vítima.

Como é possível perceber, o abuso sexual propriamente dito, dispara um emaranhado de emoções que, em

muitos casos, o despertamento sexual fará parte da experiência do abuso sexual. Ambivalência - a mistura de ódio e desejo, prazer e vergonha - ativa um forte desejo de dissociar e separar as duas emoções opostas, de forma que é criada na alma uma grande fenda entre o prazer e o ódio, onde, freqüentemente, os dois componentes são apagados da memória. (Allender, 2008, p. 128)

Todos os dias, nos deparamos com situações que nos incomodam e nos deixam aflitos, imagine o que acontece com aquelas crianças que passam por situações de abusos constantes na infância... sim, os danos são profundos. Sem contar que estes danos são levados para sua vida adulta. 

Não podemos fechar os nossos olhos e acreditar que as crianças que sofreram abuso sexual tenham que simplesmente, esquecerem ou apenas fingir que não há mais dor para ser curada. 

Sabe de algum caso de criança que sofre abuso sexual? Não se omita, denuncie ainda hoje. Ligue: 100

Um forte abraço a você que veio aqui. Deixe seu comentário e se quiser contar sua história, escreva para raigodoy@hotmail.com e se desejar, diga que prefere que o seu nome não apareça. 

Rai Godoy

Todos os artigos aqui postados são de responsabilidade e *autoria de:
Rai Godoy - Especialista em Sexualidade, Inteligência Emocional e Analista de Perfil Comportamental - Life Coach - Conselheira Profissional – Hipnoterapeuta (Instituto Versate e ACT Institute) - Membro da ABRASEX, SBRASH, SBIE e SLAC. *com algumas exceções que serão devidamente citadas

Referência:

Allender, Dan B., Lágrimas Secretas: Cura para vítimas de abuso sexual na infância. São Paulo: Mundo Cristão, 1999 – 3ª reimpressão 2008 

domingo, 27 de maio de 2018

Segundo estágio do processo do abuso sexual!


Olá queridos e queridas... sejam bem-vindos!
Na postagem anterior, falamos sobre os estágios que envolvem o abuso sexual na infância. E pontuamos o primeiro estágio, hoje, nossa abordagem focará o segundo estágio que trata do contato físico aparentemente apropriado.
Refletir sobre o tema do Abuso Sexual na Infância – ASI, é, não permitir que o silêncio continue escondendo os abusos, os danos... e as vítimas sejam, também, silenciada.

Assim, como as outras postagens relacionadas a este tema, a de hoje está embasada no livro “Lágrimas Secretas¹” do Dr. Allender. Um livro muito profundo, com abordagem ampla sobre o tema do ASI. Se você quiser, podemos enviar uma cópia virtual deste livro para seu e-mail, então, nos escreva para receber raigodoy@hotmail.com

Abaixo, veja os estágios, mas lembre-se que já abordamos o primeiro, acesse o link e leia-o (caso, ainda não tenha lido a primeira postagem sobre os estágios).

1- Desenvolvimento de intimidade e discrição; clique aqui para ler sobre o primeiro estágio
2- Apreciação de toque físico que parece adequado;
3- Abuso sexual propriamente dito, seja por interação física ou psicológica;
4- Manutenção do abuso e do segredo vexatório através de ameaças ou privilégios;

Como já falamos, nossa abordagem está pautada no segundo estágio que fala sobre o contato físico aparentemente apropriado. Segundo Allender, este estágio é uma sequência lógica da introdução de intimidade relacional e também a disposição em ocultar algo. Seria a aproximação através de contato físico sensual. Estes contatos podem parecer simples e carregados de ingenuidade, mas não é bem assim, no que tange o investimento de um abusador. Contatos comuns como, segurar as mãos, massagear as costas, coçar a cabeça ou abraçar podem ser usados para estabelecer este segundo estágio. (Allender, p. 119)

Muitos dos contatos acima apresentados, podem ser vistos e recebidos como carinho e amor. A questão é que a criança, sente-se amada e anseia pelo toque maternal ou mesmo paternal e, logo de início, crê que o adulto ou a adulta está imprimindo nela, um gesto de carinho e acolhimento. No entanto, Allender alerta que,

Deve-se fazer uma importante distinção neste ponto. O anseio da criança ou adolescente pelo toque físico não é, em nenhuma forma ou expressão, um desejo sexual, a não ser que a criança tenha sido condicionada a interpretar que qualquer expressão de intimidade relacional somente possa ser feita através de contato sexual. (Allender, p.120)

A intenção neste estágio, é que a criança ou mesmo adolescente, seja despertada e acostumada de forma contínua e paulatina (nem sempre) a ter reações físicas que, com o passar do tempo, ela ceda mais e mais. Se esta criança ou adolescente, não tiver recebido o acolhimento de seus familiares, certamente, ela reagirá a um carinho semelhante a uma planta que não recebe água há dias.

Uma criança que não foi acolhida, amada e cuidada, traz dentro de si, um coração faminto e, o aconchego recebido através do toque, será como um alimento que traz esperança para ela. A criança não tem facilidade para discernir se um toque recebido é apropriado ou não. A verdade é que, ela sente-se estranha, mas quando ela lembra que foi bem tratada, a sensação de se sentir estranha, acaba sumindo e, com o passar do tempo, ela não percebe o quanto o abuso já progrediu. Então, mesmo no processo do abuso, a criança pode até mesmo se sentir honrada com os contatos e toques que recebe, pois, o abusador, em muitos momentos, a faz se sentir especial e única. O abusador alimenta a criança através da fala ou atitudes que, o que faz, é coloca-la num patamar acima das outras pessoas que estão ao redor delas.

Allender, resume este estágio dizendo: que este processo pode ser visto como o processo que silencia a vítima e, também, o ato de selar o destino da mesma. (p. 122). Muitas adolescentes, neste estágio, percebem algo mas acabam por silenciar, afinal de contas, em alguns casos, o abusador é a única pessoa que se aproxima dela, sem julgamentos, a ouve com paciência ou oferece algo que a vítima precisa ou deseja.
Refletindo sobre este estágio acima apresentado:

Vivemos dias de muita carência afetiva e total despreparo dos pais que, não aprenderam a imprimir um relacionamento de proximidade com seus filhos. A maioria de nós, não fomos tratados com muita afetividade. Quando crianças e adolescentes, muitos de nós, foram tratados como um problema. Quantos filhos ouvem de pais e até de irmãos mais velhos, que eles foram achados no lixo? Que foram adotados? Isto parece uma brincadeira simples, mas na infância, ouvir isto, pode marcar para sempre o interior de uma pessoa. Brincadeiras absurdas de desprezo, unida a falta de amor, traz um resultado desastroso para a vida de quem quer que seja.

Talvez, você que está lendo, possa dizer que passou por isto e não permitiu que alguém te abusasse. É preciso lembrar que cada pessoa é única e cada um percebe a vida de uma forma muito única. Cada ser humano, desde a vida intrauterina, ao ser afetado, pode interpretar e dá significado a sua própria história de vida de uma forma muito diferente. Amar, acolher e ajudar as pessoas que foram afetadas pelo ASI é algo que não deve ser feito a partir de ideias preconcebidas, mas que tem a ver com a necessidade de cada vítima. Às vezes, é melhor guardar o que pensamos sobre determinados assuntos e estender as mãos aos que precisam.

Um forte abraço a você que veio,
Rai Godoy
Todos os artigos aqui postados são de responsabilidade e *autoria de:
Rai Godoy - Especialista em Sexualidade, Inteligência Emocional e Analista de Perfil Comportamental - Life Coach - Conselheira Profissional – Hipnoterapeuta (Instituto Versate e ACT Institute) - Membro da ABRASEX, SBRASH, SBIE e SLAC. *com algumas exceções que serão devidamente citadas

Referência:
Allender, Dan B., Lágrimas Secretas: Cura para vítimas de abuso sexual na infância. São Paulo: Mundo Cristão, 1999 – 3ª reimpressão 2008

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Estágios do processo do abuso sexual!


Olá queridos e queridas... sejam bem vindos!


Estamos dando continuidade às nossas postagens que trazem o tema do abuso sexual na infância – ASI. Este tema permeia todo o mês de maio em todos os anos em nosso blog. E queremos, hoje, falar a respeito dos estágios que envolvem o abuso sexual na infância.

Entender como ocorre o ASI através de seus estágios, pode nos mostrar as possibilidades em se combater este mal que está espalhando por todos os lados, inclusive e, principalmente em nossas famílias.

Allender, apresenta os estágios do ASI, em seu livro, “Lágrimas Secretas¹”.  Ele explica que apesar de todo abuso ser único, é possível observar um padrão, “Há um processo comum a vários casos de abuso, quer eles tenham sido cometidos por parentes ou por uma pessoa fora da família. Os agressores têm uma estratégia relativamente clara para envolver suas vítimas” (p.110). 

Allender (p.116) elenca 4 estágios do processo do ASI. Sua intenção é compreender o processo do abuso, pois ele entende que isto é fundamental porque isto pode libertar a vítima de uma culpa desnecessária. A observação deste processo fornece elementos para esclarecer outros fatos que produzem confusão e culpa. Abaixo, vejam os estágios:

1- Desenvolvimento de intimidade e discrição;
2- Apreciação de toque físico que parece adequado;
3- Abuso sexual propriamente dito, seja por interação física ou psicológica;
4- Manutenção do abuso e do segredo vexatório através de ameaças ou privilégios;

Nesta postagem de hoje, abordaremos apenas o primeiro estágio. Para Allender (p.116), “o primeiro estágio do abuso pode ser considerado um modo de agir consciente e intencional”, seja dentro de um longo, médio ou curto tempo, o abusador sempre busca desenvolver intimidade e discrição. Mesmo para aqueles que lançam um ataque violento, ainda assim, eles buscam, anteriormente, uma relação íntima com a vítima.  

Neste estágio, o abusador oferece a criança faminta de acolhimento, um relacionamento de intimidade, privilégios especiais e recompensas. Bem, para a criança que não tem atenção, carinho, amizade, diálogo e momentos de alegria ao lado de seus familiares, passa a ser um refrigério, encontrar esta pessoa “tão amorosa e dedicada”.
À exemplo deste primeiro estágio, citaremos a história contada por Allender (p.117), sobre um pastor que costumava a conversar com uma mocinha carente de atenção dos seus pais. Ela tinha 13 anos aproximadamente, e este pastor dos EUA, falava sobre seus problemas conjugais e inclusive na área sexual. Allender (p.118), afirma que a atitude deste pastor, já demonstra a intenção consciente de manter, no futuro, um primeiro contato físico abusivo. Independentemente, se este abusador for ou não, passar para outro estágio, ainda assim, é configurado algo altamente danoso à alma da vítima.

No capítulo 1, allender (p.59) relata que as interações podem ser qualificadas como visuais, verbais ou psicológicas, ele afirma que “interações sexuais verbais podem ser igualmente abusivas” e em suas notações, ele expressa,

Há uma enorme controvérsia sobre esta categoria. Todos os maiores pesquisadores deste campo, incluindo Finkelhor, Russell e Courtois, reconhecem que o abuso sexual não está limitado ao contato físico. Atitudes como exibicionismo e sedução verbal são quantificáveis e facilmente comprovadas. E quanto ao abuso sexual psicológico? Ele pode incluir outras formas de abuso sem contato, mas é ainda menos aparente e, portanto, mais sujeito à má interpretação. (p.327)

Uma pessoa carente de afeto, adulta, é capaz de se deixar seduzir e até ser denegrida, apenas para receber atenção e acolhimento, acreditando que será algo que saciará sua necessidade de atenção e acolhimento. Imagine uma criança desamparada por seus pais? Mesmo aquelas crianças que possuem pais morando na mesma casa, são capazes de receber quase zero de atenção, segurança e respeito.

Refletindo sobre este estágio acima apresentado:
Todos os dias, nossas crianças estão sendo desamparadas através da falta de atenção e tempo por parte de seus pais e de outros adultos como: professores, tios e outros parentes que deveriam estar protegendo esta criança. Proteger a criança, não é, apenas, tomar cuidado ao escolher as pessoas com quem você as deixa, ou mesmo, as pessoas que fazem parte do rol de amigos, mas é fortalece-las com carinho, atenção e muito afeto... tão fortes e profundos, marcantes e indeléveis, ao ponto da criança, acreditar firmemente que, o que ela recebe de seus pais, seja suficiente para atender suas necessidades emocionais.

Quanto de carinho, atenção e amor, você está dando para seus filhos, ou mesmo para outras crianças que estão no seu entorno?

Um forte abraço a você que veio,
Rai Godoy

Todos os artigos aqui postados são de responsabilidade e *autoria de:
Rai Godoy - Especialista em Sexualidade, Inteligência Emocional e Analista de Perfil Comportamental - Life Coach - Conselheira Profissional – Hipnoterapeuta (Instituto Versate e ACT Institute) - Membro da ABRASEX, SBRASH, SBIE e SLAC. *com algumas exceções que serão devidamente citadas

Referência:
Allender, Dan B., Lágrimas Secretas: Cura para vítimas de abuso sexual na infância. São Paulo: Mundo Cristão, 1999 – 3ª reimpressão 2008

domingo, 6 de maio de 2018

Abuso Sexual na Infância: Lares propícios!


Olá queridos e queridas!

Como os nossos leitores já sabem, maio é o mês em que separamos para falar sobre a questão do abuso sexual na infância – ASI. Se você quiser conhecer abordagens anteriores sobre este mesmo tema, clique nos links abaixo. Você encontrará muitas postagens relevantes a respeito do ASI com subtemas como: definição, sintomas, maneiras de prevenir, etc.


Hoje, falaremos sobre o ASI sob a ótica do livro: Lágrimas Secretas (veja informações sobre o livro ao final da postagem).

“De fato, apenas 11% dos abusos sexuais são praticados por estranhos. A grande maioria dos abusos, no entanto, ocorrem entre membros da família (29%) ou por alguém conhecido pela vítima (60%)” Allender, (p.110). Estes dados são dos anos 90 e, acreditamos que isto aumentou e muito nos dias atuais, pois as informações e dados são um pouco mais realistas, hoje em dia. Afinal, as muitas denúncias da atualidade, demonstram que há muito mais ASI ocultos nos seios familiares do que podemos imaginar.

Bem, todo ASI é uma violação, não apenas do corpo de uma criança, mas também, da sua alma humana e a sua mente ainda em formação que, tão facilmente registra para sempre todos as experiências e, especialmente, as que são vividas sob forte impacto emocional, “mas quando o abuso é executado por um membro da família ou por alguém que ganhou a confiança da pessoa a perda é ainda mais severa. Abuso sexual é sempre a violação de um relacionamento. Esta violação sempre causa danos à alma, ainda que em diferentes níveis”. Allender (p.111).

O ASI ocorre dentro de um contexto e segundo Allender (p.111), “o contexto é algo muito importante para a compreensão desta primeira fase”. Todos os detalhes são importantes na compreensão de cada fase do ASI. Ainda, conforme Allender (p.111), dependendo do lar, ele se torna “solo fértil para o desenvolvimento de carências da alma”.
Vejamos agora, lares que propiciam o ASI, conforme aponta Allender (p.111)

1- Que apresentam um relacionamento distante e vazio;
2- Que não apresentam intimidade legítima e sadia;
3- Em que as pessoas não têm a certeza de que são queridas de fato, “por aquilo que é e não por aquilo que faz”;
4- Onde a criança perde suas características infantis e chegam ao cúmulo de assumirem papéis que seriam dos seus pais;
5- Em que não existe direito à privacidade nem durante os processos de higiene individual
6- Em que não se dá direito ao espaço físico e liberdade de pensamentos;
7- Onde o pai diz a uma filha que seus sentimentos estão errados, são loucos ou simplesmente inexistentes... onde seus sentimentos são negados ou rejeitados;

Bem, há muitos outros lares que são típicos solos férteis para que se instale um ambiente propício para a criação de crianças fragilizadas e prolifere a ação de abusadores de crianças. Talvez, observar e considerar estes pontos acima apresentados, já nos dê uma pista de como anda o nosso lar.

Precisamos perceber se algo falta, pois precisamos estar mais atentos ao que ronda nossa família. Um pouco mais de amor, atenção, respeito e consideração... bem, isto já será um começo! Não apenas, para evitar o risco do ASI, mas para que se tenha um lar em que todos os membros sejam e sintam-se amados, acolhidos, ouvidos e seguros, a ponto de se abrirem e encontrarem um ambiente com calor humano, afetividade e cumplicidade familiar... apoio, aconchego...

Lembrem-se “A experiência de ser profundamente usado e desprezado por alguém em quem confiamos e consideramos destrói a esperança de que um relacionamento possa ser profundamente apreciado”. Allender (p.115).

Um forte abraço a você que veio,
Rai Godoy

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Rai Godoy - Especialista em Sexualidade, Inteligência Emocional e Analista de Perfil Comportamental - Life Coach - Conselheira Profissional – Hipnoterapeuta (Instituto Versate e ACT Institute) - Membro da ABRASEX, SBRASH, SBIE e SLAC. *com algumas exceções que serão devidamente citadas

Referência:
Allender, Dan B., Lágrimas Secretas: Cura para vítimas de abuso sexual na infância. São Paulo: Mundo Cristão, 1999 – 3ª reimpressão 2008


domingo, 29 de abril de 2018

Maio: Um mês para curar!


Olá queridos e queridas, sejam bem-vindos!
Desde a criação do nosso blog, durante o mês de maio, dedicamos nossas postagens ao tema do abuso sexual na infância. Um tema triste de se escrever e que traz implicações variadas. Entretanto, não podemos deixar de abordar este assunto que permeia nossa sociedade. Assim, nossas abordagens, faz-se necessárias pelo fato de sua relevância como um todo.

Nossa intenção é desenvolver postagens que tragam luz a esta questão de forma a contribuir com os muitos discursos que são pontuados nas redes sociais e na internet em geral.

Verificamos um quadro que entristece a qualquer indivíduo que se importa com as nossas crianças e o seu futuro. Então, precisamos trazer algo que mostre uma realidade que nos ensina a prevenir, tratar e assegurar que nossas crianças não estarão mais expostas a esta situação.

Como faremos isto? Através de entrevistas, artigos e pesquisas, pois queremos gerar um olhar mais aprofundando e responsável a partir de nossas abordagens. E, você, pode nos ajudar, pode colaborar e participar de várias formas. Uma destas formas é, nos permitindo conhecer a sua história... sim, através de histórias reais, poderemos entender um pouco mais a respeito da dinâmica que este mal, usa para adoecer nossa sociedade. Queremos convidar você a estar conosco nesta empreitada. Contamos com seu apoio, nos escrevendo! Entre em contato, através do e-mail raigodoy@hotmail.com

Em algumas abordagens, falaremos a respeito dos danos causados pelo abuso sexual na infância, como a questão da impotência de quem passa pelo abuso. Então, ficamos no aguardo do seu contato e que tudo possa contribuir para melhorar nossa sociedade como um todo.

Um forte abraço,
Rai Godoy

Todos os artigos aqui postados são de responsabilidade e *autoria de:

Rai Godoy - Especialista em Sexualidade, Inteligência Emocional e Analista de Perfil Comportamental - Life Coach - Conselheira Profissional – Hipnoterapeuta em formação - Membro da ABRASEX, SBRASH, SBIE e SLAC.
*com algumas exceções que serão devidamente citadas

domingo, 15 de abril de 2018

Lua de mel: Nem tudo o que reluz é ouro!

Olá queridos, sejam bem-vindos!
Tem um ditado que diz que “nem tudo o que reluz é ouro”, bem, esta frase serve para apontar a história de hoje. Com ela, poderemos apontar caminhos interessantes para que algo novo surja... algo que já está dado e que está entre nós, mas insistimos em acreditar que temos consciência, porém há algo de muito superficial nos conhecimentos e informações que possuímos... principalmente nos dias atuais em que tudo ou quase tudo pode ser maquiado.

A história de hoje, nos mostra a falsa aparência que podem ser veiculadas pelas redes sociais. Através de filtros, Photoshop e outros recursos de aplicativos, muitas imagens podem adquirir uma beleza ímpar, mas ficam só na aparência das fotos e imagens. Mas as informações escritas também podem gerar um parecer que não é real, que não reluz a verdade da situação apresentada.

Há, algum tempo atrás, uma postagem de um casal recém-casados estava estampando o Facebook de um deles... “Lua de mel, é tremor na terra e glória no céu”... bem, a glória do céu sempre será... isto é fato, está dado, (pelo menos para os que creem). Mas o tremor na terra só foi verificado quando eu, através do Messenger, chamei a pessoa e perguntei como estava a vida de casados e aí, a notícia foi jogada em “meu colo” como uma bomba: “Estamos com problemas... já estamos com quase 04 meses de casados e o casamento até agora não foi consumado”! Disse uma das partes em resposta à minha indagação sobre a pretensa felicidade na lua de mel e sua efetividade a ponto de levar ao tremor terrestre! Kkk

Não pense que rir ou mesmo gargalhei pela desgraça alheia, mas que não deixa de ser cômico uma situação como esta. Muito bem, vamos fazer a conclusão desta situação em especial deste casal...eles se separaram. Mas vamos agora, refletir sobre esta situação com uma avaliação que nos ajude a entender o que pode acontecer no dia a dia de uma pessoa que vive nas redes sociais, ou seja, na vida virtual, diferente do que ocorre na vida real.
Todas as vezes que deixamos de aceitar ou acolher os nossos limites, não conseguimos resolver as coisas, mas pior fica, quando levamos os outros a crerem no nosso mentiroso sucesso. Quando isto ocorre, levantamos tantas situações dentro de nós e fora de nós das quais, não imaginamos os resultados.

A maneira como expressamos a vida através da mentira pode nos levar à morte de um pedacinho de nós, e se, dia após dia, morrermos um pedacinho, certamente, seremos mais um zumbi ambulante. Destes que fingem que estão vivos e todo mundo acredita, a ponto de se assustarem com eles.

Pois é, cada vez que uma pessoa mostra o que não vive, cria uma situação bem delicada. Exemplo? Quando você mostra uma vida perfeita, as outras pessoas que estão ao seu redor, se abatem, porque pensam que de fato é possível uma vida perfeita. O casal que olha para a sua “vida perfeita”, passa por constrangimentos e reflexões a ponto de crerem que não são bons o suficiente e chegam ao ponto de se sentirem incompetentes. O que acontece com isto? Muitas coisas e inclusive a possibilidade de gerar mais brigas entre os casais que olham e acreditam num casamento perfeito.

E, quando o assunto está relacionado à área da sexualidade, a coisa piora e muito. Quantas pessoas falam que vivem uma vida sexual perfeita? E nós mortais, olhamos para o nosso derredor e pensamos “está todo mundo fazendo sexo, menos eu”. Bobinhos, me respondam quais são os efeitos oriundos da prática sexual? Calmaria, semblante de satisfação, boa pele, etc.?

Nunca se viu tantas pessoas agitadas e nervosas em nossos dias... o povo está estressado e completamente insatisfeito, agora eu pergunto “será que as pessoas estão fazendo tanto sexo quanto elas dizem”?
Olhem mais de perto e percebam se o brilho que parece te ofuscar, não vem de um ouro do tipo Romanel ou Michelin? Um folheado qualquer e se passar pela água, algumas vezes, o folheado é, gradativamente retirado e o metal real daquela peça, vem à tona e, quando é olhada mais de perto... vemos que não é ouro.

Não vou estender esta postagem, acho que já é o suficiente. Então, viva a sua vidinha não tão perfeita, mas que ela seja verdadeira e aceite a sua condição para poder muda-la.
O que você precisa para ter uma vida sexual e emocional mais satisfatória e real? Saia da mentira e do brilho passageiro das redes sociais e viva uma vida de encontros de prazer e felicidade!

Quer saber como? Me escreva: raigodoy@hotmail.com
Se deseja que a sua história seja, anonimante contada aqui, pode me escrever no e-mail acima apresentado.

Que sua semana seja excelente e você viva a sua linda realidade, afinal, ela é linda por ser sua realidade!

Rai Godoy

Todos os artigos aqui postados são de responsabilidade e autoria de:

Rai Godoy - Especialista em Sexualidade, Inteligência Emocional e Analista de Perfil Comportamental - Life Coach - Conselheira Profissional – Hipnoterapeuta em formação - Membro da ABRASEX, SBRASH, SBIE e SLAC.

domingo, 8 de abril de 2018

Eu sou broxa...


Olá, sejam bem-vindos!
Na postagem de hoje, contarei uma história que, assim como a postagem anterior, diz respeito a uma pessoa que estava presente em uma das minhas palestras sobre sexualidade. Então, vamos à esta história que é verídica, curiosa e engraçada.

Acredito que nunca mais eu vá viver uma experiência destas. Fui convidada por uma igreja para realizar palestras sobre sexualidade para casais... o local? Eu só conto a cidade, Rio de Janeiro. A cidade maravilhosa que o Brasil e o mundo conhecem.

Lembro quando cheguei naquela igreja e já havia sido recomendada a “pegar leve” pois haviam algumas pessoas que não estavam acostumadas com o conteúdo que falaria, então, já cheguei de “fininho” e pensando como eu deveria ficar atenta às minhas palavras para não “chocar” a mente daqueles que estariam ouvindo minha palestra.

Cheguei um pouco antes para me ambientar, mas haviam algumas pessoas que, também chegaram cedo. Fui encaminhada para a sala indicada para a palestra. Ali, bem na porta, havia um homem baixinho de bigode largo e grisalho, ele tinha uma cara bem fechada e um semblante austero. Logo eu pensei, este vai dar trabalho... ele me interceptou logo na entrada... bem ali na porta, estendeu a mão e logo foi dizendo que ele era um dos membros fundadores daquela igreja... “Ops”, pensei. Eu, já estava percebendo ali, a ideia do que me haviam alertado quanto às pessoas que possivelmente, não entenderiam muito bem a respeito do tema em questão: sexualidade.

Meu alerta disparou e eu fui até a mesa e comecei a arrumei meu material... pensei bem e nem usei o Datashow, pois não queria mais nem mostrar nada em tela... optei pela palestra em si. Optei pelas palavras, pois elas, eu poderia dominar e usar conforme achasse melhor para aquelas pessoas especificamente.

Bem, a palestra começou e, quando menos esperava, um grupo de adolescentes que havia saído de uma reunião, na pontinha do pé, entrou na sala e sentou bem quietinhos no final da sala. Eu percebi a situação, mas não sabia o que estava acontecendo... continuei a palestra e agora, com mais cautela pois os adolescentes entraram, afinal, a palestra era para os casais ali presentes.

Não tinha nem começado a palestra ainda, quando o senhor de bigode grisalho levantou a mão bem alto e disse que queria falar... ele estava com cara séria e semblante de brabo. Fiquei preocupada, mas eu sempre estou pronta para este tipo de situação em plena palestra... já acostumei com os questionadores e já fiquei bem atenta com a indagação dele ou mesmo alguma consideração oposta ao que estava desenvolvendo em minha fala.

Aquele homem iniciou a sua fala, exatamente com esta frase, “eu sou broxa”! Confesso que deu muita vontade de rir, mas quis levar a sério as considerações que ele tinha para fazer, achei que aquela primeira frase seria um exemplo de algo que ele usaria como ilustração. Então, ele continuou... “eu sou broxa” e na segunda vez que ele falou que era broxa, não deu outra, o povo que estava tentando se segurar, não aguentou e foi uma explosão de gargalhadas. Nesta hora, os adolescentes não puderam mais esconder a presença... e eu? Tentei contornar a situação, mas ria com muita intensidade.

Pronto, os adolescentes foram descobertos e tentaram colocar eles para fora da sala, mas deixaram eles lá mesmo. O senhor de bigode grisalho estava lá, de mão para o alto, ele tentava a todo custo explicar os motivos de ser broxa... ele não sossegou enquanto eu não fiz um possível diagnóstico. Depois de muitas perguntas, percebi que ele tomava fortes remédios para depressão. Assim, o acalmei e disse que ele poderia ir conversar com o psiquiatra para passar remédios que se adequasse melhor as condições dele. Aproveitei e o encaminhei para um amigo que era urologista. Afinal de contas, o problema dele ultrapassava meus limites de especialista em sexualidade.

Depois da primeira palestra, houve uma parada e fomos tomar um caldo na cantina... resolvi sentar na mesa daquele bigodudo grisalho. E ele continuava lamentando o fato de ser broxa.
Bem, esta história nunca mais saiu da minha cabeça e quando faço palestras a respeito de disfunções e inadequações do casal, sempre falo deste caso e peço cautela para ninguém ficar exposto como aquele senhor.

Quando retornei para casa, o casal que foi me apanhar para levar ao local da palestra, disse que nunca viu aquele irmão falar da própria vida e ainda mais sobre uma coisa tão íntima. Disseram ainda que ele era a pessoa que mais estavam preocupados em relação ao que ia ser dito nas palestras.

Acredito que ele tenha se sentido à vontade para se expor e expor a sua limitação. Muitas vezes, só precisamos de um momento, um lugar e a pessoa certa para nos abrir e falar um pouco sobre nossas dificuldades, em especial, as relacionadas à sexualidade.
Bem, não sei se algum dos leitores aqui, acredita que aquele era o momento certo, mas ele se abriu e, hoje em dia, sei que ele não é mais o mesmo em sua igreja, deixou de ser carrancudo e é amigão dos adolescentes.

Qual será o melhor lugar, melhor momento e a melhor pessoa para tratarmos de assuntos relacionados a sexualidade? Não sei se você tem problemas como o senhor de bigode grisalho, mas uma coisa eu sei, se precisar de ajuda, busque-a e não sofra sozinho, pois sempre há, pelo menos um ombro amigo que possa te escutar e você, não precisa se expor desta forma, mas valeu para aquele senhor, para mim e para todos que estavam presentes.
Esta é mais uma história da vida real que pode nos alegrar, motivar ou ensinar algo, especialmente, que devemos procurar ajuda e expor a nossa dificuldade, mas aconselho cautela. Kkk

Bem, isto é o que temos para hoje, se você tem uma história pessoal relacionada a sexualidade e quiser contar, por favor, me contate no e-mail raigodoy@hotmail.com se desejar, faremos como esta história de hoje e não relataremos coisas que te identifique.

Rai Godoy

Todos os artigos aqui postados são de responsabilidade e autoria de:

Rai Godoy - Especialista em Sexualidade, Inteligência Emocional e Analista de Perfil Comportamental - Life Coach - Conselheira Profissional – Hipnoterapeuta em formação - Membro da ABRASEX, SBRASH, SBIE e SLAC.