domingo, 27 de maio de 2018

Segundo estágio do processo do abuso sexual!


Olá queridos e queridas... sejam bem-vindos!
Na postagem anterior, falamos sobre os estágios que envolvem o abuso sexual na infância. E pontuamos o primeiro estágio, hoje, nossa abordagem focará o segundo estágio que trata do contato físico aparentemente apropriado.
Refletir sobre o tema do Abuso Sexual na Infância – ASI, é, não permitir que o silêncio continue escondendo os abusos, os danos... e as vítimas sejam, também, silenciada.

Assim, como as outras postagens relacionadas a este tema, a de hoje está embasada no livro “Lágrimas Secretas¹” do Dr. Allender. Um livro muito profundo, com abordagem ampla sobre o tema do ASI. Se você quiser, podemos enviar uma cópia virtual deste livro para seu e-mail, então, nos escreva para receber raigodoy@hotmail.com

Abaixo, veja os estágios, mas lembre-se que já abordamos o primeiro, acesse o link e leia-o (caso, ainda não tenha lido a primeira postagem sobre os estágios).

1- Desenvolvimento de intimidade e discrição; clique aqui para ler sobre o primeiro estágio
2- Apreciação de toque físico que parece adequado;
3- Abuso sexual propriamente dito, seja por interação física ou psicológica;
4- Manutenção do abuso e do segredo vexatório através de ameaças ou privilégios;

Como já falamos, nossa abordagem está pautada no segundo estágio que fala sobre o contato físico aparentemente apropriado. Segundo Allender, este estágio é uma sequência lógica da introdução de intimidade relacional e também a disposição em ocultar algo. Seria a aproximação através de contato físico sensual. Estes contatos podem parecer simples e carregados de ingenuidade, mas não é bem assim, no que tange o investimento de um abusador. Contatos comuns como, segurar as mãos, massagear as costas, coçar a cabeça ou abraçar podem ser usados para estabelecer este segundo estágio. (Allender, p. 119)

Muitos dos contatos acima apresentados, podem ser vistos e recebidos como carinho e amor. A questão é que a criança, sente-se amada e anseia pelo toque maternal ou mesmo paternal e, logo de início, crê que o adulto ou a adulta está imprimindo nela, um gesto de carinho e acolhimento. No entanto, Allender alerta que,

Deve-se fazer uma importante distinção neste ponto. O anseio da criança ou adolescente pelo toque físico não é, em nenhuma forma ou expressão, um desejo sexual, a não ser que a criança tenha sido condicionada a interpretar que qualquer expressão de intimidade relacional somente possa ser feita através de contato sexual. (Allender, p.120)

A intenção neste estágio, é que a criança ou mesmo adolescente, seja despertada e acostumada de forma contínua e paulatina (nem sempre) a ter reações físicas que, com o passar do tempo, ela ceda mais e mais. Se esta criança ou adolescente, não tiver recebido o acolhimento de seus familiares, certamente, ela reagirá a um carinho semelhante a uma planta que não recebe água há dias.

Uma criança que não foi acolhida, amada e cuidada, traz dentro de si, um coração faminto e, o aconchego recebido através do toque, será como um alimento que traz esperança para ela. A criança não tem facilidade para discernir se um toque recebido é apropriado ou não. A verdade é que, ela sente-se estranha, mas quando ela lembra que foi bem tratada, a sensação de se sentir estranha, acaba sumindo e, com o passar do tempo, ela não percebe o quanto o abuso já progrediu. Então, mesmo no processo do abuso, a criança pode até mesmo se sentir honrada com os contatos e toques que recebe, pois, o abusador, em muitos momentos, a faz se sentir especial e única. O abusador alimenta a criança através da fala ou atitudes que, o que faz, é coloca-la num patamar acima das outras pessoas que estão ao redor delas.

Allender, resume este estágio dizendo: que este processo pode ser visto como o processo que silencia a vítima e, também, o ato de selar o destino da mesma. (p. 122). Muitas adolescentes, neste estágio, percebem algo mas acabam por silenciar, afinal de contas, em alguns casos, o abusador é a única pessoa que se aproxima dela, sem julgamentos, a ouve com paciência ou oferece algo que a vítima precisa ou deseja.
Refletindo sobre este estágio acima apresentado:

Vivemos dias de muita carência afetiva e total despreparo dos pais que, não aprenderam a imprimir um relacionamento de proximidade com seus filhos. A maioria de nós, não fomos tratados com muita afetividade. Quando crianças e adolescentes, muitos de nós, foram tratados como um problema. Quantos filhos ouvem de pais e até de irmãos mais velhos, que eles foram achados no lixo? Que foram adotados? Isto parece uma brincadeira simples, mas na infância, ouvir isto, pode marcar para sempre o interior de uma pessoa. Brincadeiras absurdas de desprezo, unida a falta de amor, traz um resultado desastroso para a vida de quem quer que seja.

Talvez, você que está lendo, possa dizer que passou por isto e não permitiu que alguém te abusasse. É preciso lembrar que cada pessoa é única e cada um percebe a vida de uma forma muito única. Cada ser humano, desde a vida intrauterina, ao ser afetado, pode interpretar e dá significado a sua própria história de vida de uma forma muito diferente. Amar, acolher e ajudar as pessoas que foram afetadas pelo ASI é algo que não deve ser feito a partir de ideias preconcebidas, mas que tem a ver com a necessidade de cada vítima. Às vezes, é melhor guardar o que pensamos sobre determinados assuntos e estender as mãos aos que precisam.

Um forte abraço a você que veio,
Rai Godoy
Todos os artigos aqui postados são de responsabilidade e *autoria de:
Rai Godoy - Especialista em Sexualidade, Inteligência Emocional e Analista de Perfil Comportamental - Life Coach - Conselheira Profissional – Hipnoterapeuta (Instituto Versate e ACT Institute) - Membro da ABRASEX, SBRASH, SBIE e SLAC. *com algumas exceções que serão devidamente citadas

Referência:
Allender, Dan B., Lágrimas Secretas: Cura para vítimas de abuso sexual na infância. São Paulo: Mundo Cristão, 1999 – 3ª reimpressão 2008

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Estágios do processo do abuso sexual!


Olá queridos e queridas... sejam bem vindos!


Estamos dando continuidade às nossas postagens que trazem o tema do abuso sexual na infância – ASI. Este tema permeia todo o mês de maio em todos os anos em nosso blog. E queremos, hoje, falar a respeito dos estágios que envolvem o abuso sexual na infância.

Entender como ocorre o ASI através de seus estágios, pode nos mostrar as possibilidades em se combater este mal que está espalhando por todos os lados, inclusive e, principalmente em nossas famílias.

Allender, apresenta os estágios do ASI, em seu livro, “Lágrimas Secretas¹”.  Ele explica que apesar de todo abuso ser único, é possível observar um padrão, “Há um processo comum a vários casos de abuso, quer eles tenham sido cometidos por parentes ou por uma pessoa fora da família. Os agressores têm uma estratégia relativamente clara para envolver suas vítimas” (p.110). 

Allender (p.116) elenca 4 estágios do processo do ASI. Sua intenção é compreender o processo do abuso, pois ele entende que isto é fundamental porque isto pode libertar a vítima de uma culpa desnecessária. A observação deste processo fornece elementos para esclarecer outros fatos que produzem confusão e culpa. Abaixo, vejam os estágios:

1- Desenvolvimento de intimidade e discrição;
2- Apreciação de toque físico que parece adequado;
3- Abuso sexual propriamente dito, seja por interação física ou psicológica;
4- Manutenção do abuso e do segredo vexatório através de ameaças ou privilégios;

Nesta postagem de hoje, abordaremos apenas o primeiro estágio. Para Allender (p.116), “o primeiro estágio do abuso pode ser considerado um modo de agir consciente e intencional”, seja dentro de um longo, médio ou curto tempo, o abusador sempre busca desenvolver intimidade e discrição. Mesmo para aqueles que lançam um ataque violento, ainda assim, eles buscam, anteriormente, uma relação íntima com a vítima.  

Neste estágio, o abusador oferece a criança faminta de acolhimento, um relacionamento de intimidade, privilégios especiais e recompensas. Bem, para a criança que não tem atenção, carinho, amizade, diálogo e momentos de alegria ao lado de seus familiares, passa a ser um refrigério, encontrar esta pessoa “tão amorosa e dedicada”.
À exemplo deste primeiro estágio, citaremos a história contada por Allender (p.117), sobre um pastor que costumava a conversar com uma mocinha carente de atenção dos seus pais. Ela tinha 13 anos aproximadamente, e este pastor dos EUA, falava sobre seus problemas conjugais e inclusive na área sexual. Allender (p.118), afirma que a atitude deste pastor, já demonstra a intenção consciente de manter, no futuro, um primeiro contato físico abusivo. Independentemente, se este abusador for ou não, passar para outro estágio, ainda assim, é configurado algo altamente danoso à alma da vítima.

No capítulo 1, allender (p.59) relata que as interações podem ser qualificadas como visuais, verbais ou psicológicas, ele afirma que “interações sexuais verbais podem ser igualmente abusivas” e em suas notações, ele expressa,

Há uma enorme controvérsia sobre esta categoria. Todos os maiores pesquisadores deste campo, incluindo Finkelhor, Russell e Courtois, reconhecem que o abuso sexual não está limitado ao contato físico. Atitudes como exibicionismo e sedução verbal são quantificáveis e facilmente comprovadas. E quanto ao abuso sexual psicológico? Ele pode incluir outras formas de abuso sem contato, mas é ainda menos aparente e, portanto, mais sujeito à má interpretação. (p.327)

Uma pessoa carente de afeto, adulta, é capaz de se deixar seduzir e até ser denegrida, apenas para receber atenção e acolhimento, acreditando que será algo que saciará sua necessidade de atenção e acolhimento. Imagine uma criança desamparada por seus pais? Mesmo aquelas crianças que possuem pais morando na mesma casa, são capazes de receber quase zero de atenção, segurança e respeito.

Refletindo sobre este estágio acima apresentado:
Todos os dias, nossas crianças estão sendo desamparadas através da falta de atenção e tempo por parte de seus pais e de outros adultos como: professores, tios e outros parentes que deveriam estar protegendo esta criança. Proteger a criança, não é, apenas, tomar cuidado ao escolher as pessoas com quem você as deixa, ou mesmo, as pessoas que fazem parte do rol de amigos, mas é fortalece-las com carinho, atenção e muito afeto... tão fortes e profundos, marcantes e indeléveis, ao ponto da criança, acreditar firmemente que, o que ela recebe de seus pais, seja suficiente para atender suas necessidades emocionais.

Quanto de carinho, atenção e amor, você está dando para seus filhos, ou mesmo para outras crianças que estão no seu entorno?

Um forte abraço a você que veio,
Rai Godoy

Todos os artigos aqui postados são de responsabilidade e *autoria de:
Rai Godoy - Especialista em Sexualidade, Inteligência Emocional e Analista de Perfil Comportamental - Life Coach - Conselheira Profissional – Hipnoterapeuta (Instituto Versate e ACT Institute) - Membro da ABRASEX, SBRASH, SBIE e SLAC. *com algumas exceções que serão devidamente citadas

Referência:
Allender, Dan B., Lágrimas Secretas: Cura para vítimas de abuso sexual na infância. São Paulo: Mundo Cristão, 1999 – 3ª reimpressão 2008

domingo, 6 de maio de 2018

Abuso Sexual na Infância: Lares propícios!


Olá queridos e queridas!

Como os nossos leitores já sabem, maio é o mês em que separamos para falar sobre a questão do abuso sexual na infância – ASI. Se você quiser conhecer abordagens anteriores sobre este mesmo tema, clique nos links abaixo. Você encontrará muitas postagens relevantes a respeito do ASI com subtemas como: definição, sintomas, maneiras de prevenir, etc.


Hoje, falaremos sobre o ASI sob a ótica do livro: Lágrimas Secretas (veja informações sobre o livro ao final da postagem).

“De fato, apenas 11% dos abusos sexuais são praticados por estranhos. A grande maioria dos abusos, no entanto, ocorrem entre membros da família (29%) ou por alguém conhecido pela vítima (60%)” Allender, (p.110). Estes dados são dos anos 90 e, acreditamos que isto aumentou e muito nos dias atuais, pois as informações e dados são um pouco mais realistas, hoje em dia. Afinal, as muitas denúncias da atualidade, demonstram que há muito mais ASI ocultos nos seios familiares do que podemos imaginar.

Bem, todo ASI é uma violação, não apenas do corpo de uma criança, mas também, da sua alma humana e a sua mente ainda em formação que, tão facilmente registra para sempre todos as experiências e, especialmente, as que são vividas sob forte impacto emocional, “mas quando o abuso é executado por um membro da família ou por alguém que ganhou a confiança da pessoa a perda é ainda mais severa. Abuso sexual é sempre a violação de um relacionamento. Esta violação sempre causa danos à alma, ainda que em diferentes níveis”. Allender (p.111).

O ASI ocorre dentro de um contexto e segundo Allender (p.111), “o contexto é algo muito importante para a compreensão desta primeira fase”. Todos os detalhes são importantes na compreensão de cada fase do ASI. Ainda, conforme Allender (p.111), dependendo do lar, ele se torna “solo fértil para o desenvolvimento de carências da alma”.
Vejamos agora, lares que propiciam o ASI, conforme aponta Allender (p.111)

1- Que apresentam um relacionamento distante e vazio;
2- Que não apresentam intimidade legítima e sadia;
3- Em que as pessoas não têm a certeza de que são queridas de fato, “por aquilo que é e não por aquilo que faz”;
4- Onde a criança perde suas características infantis e chegam ao cúmulo de assumirem papéis que seriam dos seus pais;
5- Em que não existe direito à privacidade nem durante os processos de higiene individual
6- Em que não se dá direito ao espaço físico e liberdade de pensamentos;
7- Onde o pai diz a uma filha que seus sentimentos estão errados, são loucos ou simplesmente inexistentes... onde seus sentimentos são negados ou rejeitados;

Bem, há muitos outros lares que são típicos solos férteis para que se instale um ambiente propício para a criação de crianças fragilizadas e prolifere a ação de abusadores de crianças. Talvez, observar e considerar estes pontos acima apresentados, já nos dê uma pista de como anda o nosso lar.

Precisamos perceber se algo falta, pois precisamos estar mais atentos ao que ronda nossa família. Um pouco mais de amor, atenção, respeito e consideração... bem, isto já será um começo! Não apenas, para evitar o risco do ASI, mas para que se tenha um lar em que todos os membros sejam e sintam-se amados, acolhidos, ouvidos e seguros, a ponto de se abrirem e encontrarem um ambiente com calor humano, afetividade e cumplicidade familiar... apoio, aconchego...

Lembrem-se “A experiência de ser profundamente usado e desprezado por alguém em quem confiamos e consideramos destrói a esperança de que um relacionamento possa ser profundamente apreciado”. Allender (p.115).

Um forte abraço a você que veio,
Rai Godoy

Todos os artigos aqui postados são de responsabilidade e *autoria de:
Rai Godoy - Especialista em Sexualidade, Inteligência Emocional e Analista de Perfil Comportamental - Life Coach - Conselheira Profissional – Hipnoterapeuta (Instituto Versate e ACT Institute) - Membro da ABRASEX, SBRASH, SBIE e SLAC. *com algumas exceções que serão devidamente citadas

Referência:
Allender, Dan B., Lágrimas Secretas: Cura para vítimas de abuso sexual na infância. São Paulo: Mundo Cristão, 1999 – 3ª reimpressão 2008