domingo, 8 de abril de 2018

Eu sou broxa...


Olá, sejam bem-vindos!
Na postagem de hoje, contarei uma história que, assim como a postagem anterior, diz respeito a uma pessoa que estava presente em uma das minhas palestras sobre sexualidade. Então, vamos à esta história que é verídica, curiosa e engraçada.

Acredito que nunca mais eu vá viver uma experiência destas. Fui convidada por uma igreja para realizar palestras sobre sexualidade para casais... o local? Eu só conto a cidade, Rio de Janeiro. A cidade maravilhosa que o Brasil e o mundo conhecem.

Lembro quando cheguei naquela igreja e já havia sido recomendada a “pegar leve” pois haviam algumas pessoas que não estavam acostumadas com o conteúdo que falaria, então, já cheguei de “fininho” e pensando como eu deveria ficar atenta às minhas palavras para não “chocar” a mente daqueles que estariam ouvindo minha palestra.

Cheguei um pouco antes para me ambientar, mas haviam algumas pessoas que, também chegaram cedo. Fui encaminhada para a sala indicada para a palestra. Ali, bem na porta, havia um homem baixinho de bigode largo e grisalho, ele tinha uma cara bem fechada e um semblante austero. Logo eu pensei, este vai dar trabalho... ele me interceptou logo na entrada... bem ali na porta, estendeu a mão e logo foi dizendo que ele era um dos membros fundadores daquela igreja... “Ops”, pensei. Eu, já estava percebendo ali, a ideia do que me haviam alertado quanto às pessoas que possivelmente, não entenderiam muito bem a respeito do tema em questão: sexualidade.

Meu alerta disparou e eu fui até a mesa e comecei a arrumei meu material... pensei bem e nem usei o Datashow, pois não queria mais nem mostrar nada em tela... optei pela palestra em si. Optei pelas palavras, pois elas, eu poderia dominar e usar conforme achasse melhor para aquelas pessoas especificamente.

Bem, a palestra começou e, quando menos esperava, um grupo de adolescentes que havia saído de uma reunião, na pontinha do pé, entrou na sala e sentou bem quietinhos no final da sala. Eu percebi a situação, mas não sabia o que estava acontecendo... continuei a palestra e agora, com mais cautela pois os adolescentes entraram, afinal, a palestra era para os casais ali presentes.

Não tinha nem começado a palestra ainda, quando o senhor de bigode grisalho levantou a mão bem alto e disse que queria falar... ele estava com cara séria e semblante de brabo. Fiquei preocupada, mas eu sempre estou pronta para este tipo de situação em plena palestra... já acostumei com os questionadores e já fiquei bem atenta com a indagação dele ou mesmo alguma consideração oposta ao que estava desenvolvendo em minha fala.

Aquele homem iniciou a sua fala, exatamente com esta frase, “eu sou broxa”! Confesso que deu muita vontade de rir, mas quis levar a sério as considerações que ele tinha para fazer, achei que aquela primeira frase seria um exemplo de algo que ele usaria como ilustração. Então, ele continuou... “eu sou broxa” e na segunda vez que ele falou que era broxa, não deu outra, o povo que estava tentando se segurar, não aguentou e foi uma explosão de gargalhadas. Nesta hora, os adolescentes não puderam mais esconder a presença... e eu? Tentei contornar a situação, mas ria com muita intensidade.

Pronto, os adolescentes foram descobertos e tentaram colocar eles para fora da sala, mas deixaram eles lá mesmo. O senhor de bigode grisalho estava lá, de mão para o alto, ele tentava a todo custo explicar os motivos de ser broxa... ele não sossegou enquanto eu não fiz um possível diagnóstico. Depois de muitas perguntas, percebi que ele tomava fortes remédios para depressão. Assim, o acalmei e disse que ele poderia ir conversar com o psiquiatra para passar remédios que se adequasse melhor as condições dele. Aproveitei e o encaminhei para um amigo que era urologista. Afinal de contas, o problema dele ultrapassava meus limites de especialista em sexualidade.

Depois da primeira palestra, houve uma parada e fomos tomar um caldo na cantina... resolvi sentar na mesa daquele bigodudo grisalho. E ele continuava lamentando o fato de ser broxa.
Bem, esta história nunca mais saiu da minha cabeça e quando faço palestras a respeito de disfunções e inadequações do casal, sempre falo deste caso e peço cautela para ninguém ficar exposto como aquele senhor.

Quando retornei para casa, o casal que foi me apanhar para levar ao local da palestra, disse que nunca viu aquele irmão falar da própria vida e ainda mais sobre uma coisa tão íntima. Disseram ainda que ele era a pessoa que mais estavam preocupados em relação ao que ia ser dito nas palestras.

Acredito que ele tenha se sentido à vontade para se expor e expor a sua limitação. Muitas vezes, só precisamos de um momento, um lugar e a pessoa certa para nos abrir e falar um pouco sobre nossas dificuldades, em especial, as relacionadas à sexualidade.
Bem, não sei se algum dos leitores aqui, acredita que aquele era o momento certo, mas ele se abriu e, hoje em dia, sei que ele não é mais o mesmo em sua igreja, deixou de ser carrancudo e é amigão dos adolescentes.

Qual será o melhor lugar, melhor momento e a melhor pessoa para tratarmos de assuntos relacionados a sexualidade? Não sei se você tem problemas como o senhor de bigode grisalho, mas uma coisa eu sei, se precisar de ajuda, busque-a e não sofra sozinho, pois sempre há, pelo menos um ombro amigo que possa te escutar e você, não precisa se expor desta forma, mas valeu para aquele senhor, para mim e para todos que estavam presentes.
Esta é mais uma história da vida real que pode nos alegrar, motivar ou ensinar algo, especialmente, que devemos procurar ajuda e expor a nossa dificuldade, mas aconselho cautela. Kkk

Bem, isto é o que temos para hoje, se você tem uma história pessoal relacionada a sexualidade e quiser contar, por favor, me contate no e-mail raigodoy@hotmail.com se desejar, faremos como esta história de hoje e não relataremos coisas que te identifique.

Rai Godoy

Todos os artigos aqui postados são de responsabilidade e autoria de:

Rai Godoy - Especialista em Sexualidade, Inteligência Emocional e Analista de Perfil Comportamental - Life Coach - Conselheira Profissional – Hipnoterapeuta em formação - Membro da ABRASEX, SBRASH, SBIE e SLAC.

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