quarta-feira, 16 de março de 2016

Obesidade e Sexualidade

Este texto não diz respeito a todas as pessoas com obesidade, mas tem o objetivo de abrir os olhos de quem possa estar sofrendo com a obesidade e nem perceber o quanto isto afeta a sua vida em várias áreas e inclusive a sexual. 

A Obesidade está ligada a categoria dos distúrbios alimentares. No entanto, muitos são os fatores que estão relacionados à obesidade e suas causas podem estar ligadas, também, “ao patrimônio genético da pessoa, a maus hábitos alimentares ou, por exemplo, a disfunções endócrinas.” SBEM - Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia

Segundo alguns estudiosos, a obesidade é uma doença crônica, multifatorial que, conforme a SBEM, “é fator de risco para uma série de doenças. O obeso tem mais propensão a desenvolver problemas como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, entre outras”. Gonçalves e Moraes, 2004

A obesidade se tornou um assunto de interesse mundial e, é fácil perceber os motivos, afinal, esta proporção ocorreu em função das várias pessoas no mundo estarem, a cada dia mais e com maior facilidade e rapidez, se tornando obesas. Em nossa realidade, segundo SBEM, o “Brasil tem cerca de 18 milhões de pessoas consideradas obesas. Somando o total de indivíduos acima do peso, o montante chega a 70 milhões, o dobro de há três décadas”. SBEM

Um breve resumo da história da obesidade
“A obesidade não é um fenômeno recente. Sabe-se da existência de indivíduos obesos já na época paleolítica, há mais de 25.000 anos atrás.” Os desenhos rupestres já apresentavam um peso excessivo em relação à altura dos indivíduos representados nestes desenhos. Halpern, 1999

Ainda, conforme Halpern, a pré-história foi marcada pelas dificuldades que indivíduos sentiam para encontrar alimentos e pelas condições climáticas encontradas durante seus deslocamentos em sua busca de novos locais para melhorar suas condições de sobrevivência. Assim, “... nossos antepassados tinham grande capacidade de estocar energia e de obter proteção térmica.” Só que esta capacidade de acumular gordura que se tornou “essencial para nossos antepassados -, tornou-se prejudicial com os padrões de vida atuais” aliado com a "excessiva oferta de alimentos - e particularmente de alimentos ricos em gorduras - acoplada aos crescentes confortos da vida moderna - tendentes a nos tornar cada vez mais inativos - nos conduz à obesidade.” (Halpern, 1999)

Na Idade Média e no período do Renascimento as mulheres com formas mais arredondas eram as mais valorizadas. Isto é notoriamente representado nas telas pintadas durante estes períodos.

Em algumas sociedades a obesidade já foi vista como símbolo de uma vida financeira de sucesso. No entanto, a partir dos anos 60 e 70 em que aconteceram transformações sociais, iniciou-se a busca pelo corpo perfeito: o magro ou o atlético, que passou a ser considerado objeto de consumo.

Nos anos 80 e 90, estudos sugeriram que padrões de comportamentos sedentários passassem a ser observados e o peso fosse controlado a partir de uma alimentação saudável e prática de exercícios físicos.

Conforme dados, na Europa, de 1988 a 1995 ficou evidente “que 10 a 20% dos homens e 10 a 25% das mulheres apresentam índice de massa corpórea igual ou maior que 30 kg/m2. (Halpern, 1999)

Definindo a obesidade...
Para SBEM, a “obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal no indivíduo”. No entanto, o endocrinologista Halpern (1999), afirma que a “obesidade é uma doença resultante do conflito entre genes antigos e vida moderna”. 

Quem pode ser considerado obeso?
Conforme o SBEM, para um indivíduo “ser considerado obeso, o *IMC deve estar acima de 30.”

Qual a relação, neste texto, a respeito da obesidade e sexualidade?
Atualmente, a obesidade tem trazido grandes sofrimentos nas áreas fisiológica, emocional, social, sexual, dentre outras. E, na área psíquica, podem surgir muitos conflitos relacionados à autoimagem corporal do obeso e ao mesmo tempo pode gerar muitos transtornos em suas relações amorosas e consequentemente em sua vida sexual. 

Como o obeso se vê.... A autoimagem!
Em se tratando de autoimagem, Kaufman afirma que, a imagem corporal é uma espécie de ‘retrato mental’. É a ideia que o indivíduo tem sobre seu próprio corpo, suas atitudes e o sentimento em relação à sua aparência física. Para o autor, “o obeso tem uma imagem corporal distorcida e esta distorção é tanto mais intensa, quanto mais antiga for a obesidade.” Simplificando, se a obesidade ocorre desde a mais tenra idade e vem acompanhando até a fase adulta, então a distorção em relação a sua autoimagem torna-se maior.  (Kaufman, 1993)

O corpo frente ao outro...
O corpo chega primeiro em qualquer lugar que a pessoa vá. Nas interações sociais ele é o primeiro a aparecer e, muitas vezes, o dono deste corpo é julgado pela sua aparência. Isto nos dá ideia que, a distorção da autoimagem pode ser alimentada, também, pela forma como as pessoas à volta lidam com a aparência do outro.

Para alguns estudiosos, “a obesidade é a expressão sintomática dos conflitos internos e externos, uma maneira que o indivíduo encontra para lidar com situações conflituosas, com suas tristezas e ansiedades”. (Gonçalves e Moraes, 2004)

Da infância a fase adulta...
Quando a pessoa obesa é tratada com desprezo e hostilidade desde muito cedo e chega a fase adulta, geralmente, ele é confrontado com exigentes padrões de beleza que não consegue atingi-los. Neste sentido, o obeso, poderá se considerar alguém que não merece fazer parte do meio em que vive ou mesmo que não seja suficientemente capaz de atrair alguém que o (a) deseje e ame.

A fase sexual e o contato com o corpo...
A fase sexual é aquela que irá mobilizar o indivíduo para o contato com o seu corpo, mas não atingindo este potencial o obeso poderá vir a buscar sua fonte de prazer na alimentação. Este tipo de comportamento poderá passar a ser uma condição pela qual ele não consiga mais sair por si só. Caso o obeso caia neste ciclo, poderá ficar preso nele. No entanto, sua condição poderá ser mudada e sua vida transformada.


Este texto foi feito com o intuito de levar o indivíduo obeso, que tem dificuldades em lidar com seu corpo a entender que não precisa permanecer só em sua caminhada, pois a psicoterapia, por exemplo, pode oferecer a possibilidade, através do autoconhecimento. Podendo resgatar a sua autoestima e assim melhorar a interação consigo mesmo e seus pares.

Queremos ainda, foi levar a pessoa obesa a uma reflexão que o possibilite ver se a sua condição física não esteja “atrapalhando” a visão a respeito de si mesmo, seu corpo e sua sexualidade.

Indo além...
Cada ser humano é único! Até os gêmeos são diferentes! Conhecer-se a si mesmo e ter uma visão mais próxima de sua realidade é importante para que a pessoa obesa (ou mesmo as magras) saibam como agir e reagir frente à sua condição. Saber sua importância, independente do seu peso, pode tornar qualquer ser humano mais feliz e este ser a primeira pessoa a se aceitar.

Lembre-se que, tudo o que Deus fez e faz é muito bom! Seja grato e sinta-se amado por Deus! Se ame e encontre pessoas que te amem e te aceitem! Agindo assim, será muito mais fácil encontrar soluções para viver uma vida harmoniosa.

Cuide de sua saúde e busque uma vida mais e mais saudável através de boa alimentação, prática de exercícios físicos e consulte seu médico para avaliar sua condição física.

*IMC - Índice de Massa Corpórea - para medir seu IMC clique aqui


Referências Bibliográficas

GONÇALVES, A. F.; MORAES, D. E. B. - Obesidade e Sexualidade. Artigos Opinativos e de Atualização. Revista Brasileira de Sexualidade Humana. Volume 15, nº 1, 2004. SBRASH - Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana - Iglu Editora Ltda. - São Paulo/SP


Halpern, Alfredo. A epidemia da obesidade. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27301999000300002> acesso em: 15.03.2016

Kaufaman, A. Obesidade feminina e sexualidade. In Cordas. T.A. fome de cão: quando o medo de ficar gordo vira uma doença – Anorexia, bulimia, obesidade. São Paulo, editora Maltese, 1993.

Portal SBEM, disponível em <http://www.endocrino.org.br/obesidade/> acesso em 15.03.2016



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