Abuso Sexual infantil: Quando o pai deixa de ser o herói!

Sejam Bem Vindos!

Depois de alguns dias de viagem e sem internet com capacidade para mexer no blog, estamos de volta com as nossas postagens!

Abaixo, vocês encontrarão a história de vida de quem sofreu ASI. Uma história que vai nos fazer refletir muito! Como a pessoa está em anônimo, sempre colocamos um codinome: Flor Amada!


Roubo da Infância!

Então, essa é minha história... não é uma boa história de se contar, mas vamos lá...

Eu sou a primogênita de 3 irmãs e tive uma infância humilde, mas não foi a condição financeira que trouxe traumas à minha vida. Na verdade, foram episódios de abusos sexuais que, infelizmente, marcaram minha vida pra sempre! Meus pais, teoricamente, sempre se preocuparam para que isso não acontecesse, mas só teoricamente né?

Vou começar por um episódio interessante na minha vida que foi a descoberta da minha sexualidade e que aconteceu com um primo, mas não considero que fui abusada por ele, pois nossa diferença de idade era pequena. Na verdade, estávamos na descoberta de nossa sexualidade, porém meus pais descobriram e criaram um “circo de horrores” levando a envolver toda minha família... foi horrível...vergonhoso! Naquela época, meu primo foi açoitado pelo meu pai e nós nem praticamos o ato sexual... se é que me entendem...foram só descobertas. Nesse caso, acredito que fui abusada de fato por minha família. Eu quis falar desse caso pra entenderem o que acontece na maioria das famílias.

Falarei agora dos casos que, de fato, vieram a traumatizar minha vida e me tornar a pessoa que sou hoje...

Eu tinha mais ou menos 10 anos quando fui passar um fim de semana na casa da minha avó com minha mãe e minha irmã do meio. Minha mãe fez uma cama no chão para nós três, e ela, dormiu no meio... Durante a madrugada senti uma pessoa deitar atrás de mim... mas não estava entendendo nada... Foi quando senti aquela mão passando nos meus seios, foi quando eu pensei: Meu tio!!

Aquilo parecia um sonho... ou melhor falando, parecia um pesadelo! Eu nem conseguia respirar e fiquei paralisada! Não sei ao certo quanto tempo isso durou, só sei que adormeci e quando acordei fiquei simplesmente muda... quieta! Minha mãe me perguntou o que estava acontecendo e foi quando eu relatei o ocorrido. E este foi o momento em que me senti mais desprotegida, pois minha mãe me pediu para não contar nada ao meu pai, pois corria o risco dele matar o meu tio!

Fui para casa com sentimentos de ter sido invadida e a tristeza tomou conta de mim! Não podia contar ao meu pai... e o que veio a seguir me abateu ainda mais, pois o meu abusador apareceu em minha casa dois dias depois!!! Sim!... Olha que eu sempre morei no mesmo lugar e ele nunca havia nos visitado, mas ele foi lá... talvez para fazer novamente ou para ver se eu sabia o que ele tinha feito...muito triste isso!

Não demorou muito tempo para eu ser abusada novamente... Desta vez, foi por um amigo do meu pai que frequentava minha casa e pediu para eu pular o muro que dava na casa da minha tia. Ele queria que eu pegasse um maço de cigarros dele que havia caído lá. Quando eu comecei a subir o muro, ele veio com a história de me ajudar e colocou sua mão gelada dentro da minha calcinha! Nunca esqueci desse episódio. Nesse caso, minha mãe se pronunciou! Afinal, não era ninguém da família dela, né? Então, ela o xingou e o colocou para fora da minha casa quando ele apareceu no dia seguinte. Mas o meu pai ainda brigou comigo e disse que eu deveria ter contado a ele, porque assim o “amigo” dele, não teria saído vivo do nosso quintal!

Agora, imaginem o que pensei? Pensei na possibilidade de meu pai ser preso! Fiquei preocupada, pois quando meu pai encontrou com meu abusador deu uma surra que quase o matou! Outra preocupação minha era o homem voltar e fazer algo com minha família!

Hoje, sou uma mulher com meu lado sexual muito desenvolvido e iniciei minha vida sexual muito cedo! Mesmo antes de manter relação sexual com outra pessoa já me masturbava muitas vezes ao dia.... Não sei se isso tem ligação, mas acredito que sim! 

Acredito que há pessoas que se fecham ao sexo e outras que se iniciam precocemente como foi meu caso.

Sou uma mãe extremamente preocupada com a possibilidade de abuso com meus filhos e por isto, sempre pergunto! Tenho até que me policiar para não forçar muito esse assunto, pois não quero que passem o que eu passei e, para fechar esse meu desabafo...

Tem uns 7 anos que descobri que meu pai... Meu herói... A pessoa que eu considerava a mais importante na minha vida... Abusava sexualmente da minha irmãzinha! A minha irmãzinha do meio!

Meus pais se separaram quando eu tinha 11 anos e ela 9 e nós ficamos morando com ele. E, foi aí que começou a tortura da minha maninha. Quando ela me contou, há 7 anos atrás, ela já estava com 30 anos e eu, não conseguia entender, pois havia muitas perguntas rondando meus pensamentos...  Como? Como meu pai poderia ter feito isso? Quando isso acontecia, se nós duas estávamos sempre juntas? E por que ele não fez comigo? Minha irmã me contou e choramos juntas... Sofri com ela...Sofri por não ter ajudado... Minha irmãzinha passando por aquele pesadelo ao meu lado e eu não fiz nada! Foram coisas terríveis se comparado ao que aconteceu comigo. Acho que só não rolou o ato propriamente dito, mas nem ela sabe dizer o porquê... Foi como aconteceu comigo!

O fato de ter sido praticado pelo nosso pai, aquele que deveria nos proteger, fez com que se agravasse mais ainda!!Hoje, tento ser muito mais compreensiva com a minha maninha... Consigo entender seu jeito agressivo de ser!

Deixo aqui meu relato de dor, da dor do pós-abuso sexual... meu e de minha maninha!

Flor Amada!

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Interessante é que, há alguns dias atrás, postei o relato de uma jovem que não teve ao seu lado, o pai para protegê-la e, aqui está, um relato em que o pai foi o abusador da irmã de nossa convidada! 

O que podemos pensar a este respeito? Que lição podemos tirar destas duas histórias? 

Ter uma figura masculina em casa é muito importante para a criação de meninos e meninas. No entanto, ter uma figura masculina não representa proteção, acolhimento, cuidados e etc. 

É preciso pensar na maneira como estamos criando os nossos filhos. Sim, os meninos! Sei que ainda não existe uma resposta para a questão da pedofilia, até por que, há mulheres pedófilas. Inclusive, a nossa próxima entrevista será com uma jovem senhora que foi abusada por uma parente!

Mas voltemos aos meninos. Precisamos pensar na preparação dos meninos no quesito ser um cuidador também e sobre a responsabilidade deles com seus próprios filhos. Nós colocamos tanto o peso da educação dos filhos e filhas nos ombros das mulheres que talvez o pai não entenda muito bem (ou confunda)o seu papel no quesito: Ser pai! 

Sinceramente, não vejo muitos pais que estão emocionalmente ligados aos seus filhos. Alguns parecem que os filhos são irmãos ou primos. É preciso pensar numa criação em que a menina seja conduzida para crescer e se tornar uma mãe e também o menino cresça se tornando um pai, pois há muita omissão por parte dos pais no ensino e criação do filhos e filhas.
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Agradecemos muito a Flor Amada que contou a sua própria história e também a de sua irmã. Não sabemos como agradecer de forma correta a alguém que divide conosco uma parte de sua história! Mas podemos nos expressar através do vídeo abaixo. E dizer que, conte conosco para aquilo que pudermos ajudar e não esqueça: Deus é o Pai Verdadeiro! 

Flor Amada e irmãzinha querida, que os seus dias sejam muito preciosos e que a história de vocês, aqui relatada, seja a certeza de que, apesar das marcas, é passado! Sejam felizes e vivam intensamente!

Beijos e muitas flores para você e sua irmãzinha amada! 

Rai Godoy