sexta-feira, 8 de julho de 2016

Compulsão Sexual: Primeira Parte

Sejam bem vindos todos e todas!

Estamos iniciando a primeira etapa de uma abordagem muito delicada que é a Compulsão Sexual.

Seremos simples e breves para que todos possam entender o assunto que, ao que parece, vem crescendo em dias atuais. 

Vamos a leitura...

O que é Compulsão Sexual?
É uma enfermidade que envolve qualquer tipo de atividade sexual incontrolável. Como é uma doença, qualquer pessoa sadia pode se tornar enferma. No entanto, para ser considerado uma patologia, é preciso perceber se a pessoa apresenta grande dificuldade em se concentrar em outra coisa que não seja a realização de suas fantasias sexuais. Ou seja, a sua compulsividade teria que afetar sua produtividade no trabalho, nas relações sociais, afetivas e em sua autoestima. No entanto, Ballone (on-line, 2005) afirma que tanto do ponto de vista qualitativo quanto do quantitativo é complexa esta questão sexual.

Conforme CID.10 (Classificação Internacional de Doenças, 10a.revisão), em F52 a compulsão sexual é classificada como Apetite Sexual Excessivo.

Qual é a origem do comportamento sexual compulsivo?
Conforme Ballone (on-line, 2005), este comportamento sexual compulsivo “pode ser reflexo de um aspecto hereditário, de um aspecto médico, cultural, circunstancial, etário e pessoal.”

Pensando em números...

Qual é o percentual de pessoas atingidas por esta enfermidade?
Segundo Coleman (1992) ocorre em torno de 5% no total da população, mas em vista das limitações morais, por embaraço, vergonha e sigilo dos envolvidos, este número pode estar muito abaixo da realidade.

Ballone (on-line, 2005) apresenta pesquisa disponibilizada pela Neuropsiconews que demonstram estudos realizados com 36 pessoas com CSC. Abaixo, algumas considerações verificadas no estudo:

92% delas, estavam realmente preocupadas com seus desejos exacerbados e/ou com suas persistentes fantasias sexuais.

72% dessas pessoas tentavam resistir ao comportamento sexualizado, apesar da falta de sucesso e perda de controle.

Grande parte delas experimentava remorso pelas atividades sexuais exageradas, impulsivas, não resistidas e, muitas vezes, inconsequentes.

75% também preenchia os requisitos para diagnóstico de abuso de substâncias psicoativas. Estas estariam relacionadas à desinibição do comportamento suficiente para permitir a intensificação do prazer ou aplacar a sensação de vergonha.

42% dessas pessoas reconheceram que esse comportamento sexual afetava o casamento.

Os prejuízos sócio-ocupacionais com o CSC incluem gastos financeiros, a traição as(os) parceiras(os), perda de amigos ou a experiência da vergonha. Adiante, na segunda parte desta postagem, faremos mais considerações a respeito destes prejuízos.

Particularmente, acreditamos que, além do fator vergonha, a experiência do medo se faz presente nas pessoas que têm problemas de compulsão sexual. Esta percepção é feita a partir das conversas com pessoas que nos procuram pedindo ajuda.

Outro fator a ser considerado é a questão dos compulsivos sexuais utilizarem-se do expediente do vício sexual para fugir da realidade das emoções proporcionadas por esta condição. No entanto, o comportamento compulsivo sexual não satisfaz a fome emocional e, diríamos ainda que, nem a fome espiritual.

Enquanto alguns estudiosos associam a palavra adicção (vício) para o indivíduo que têm CSC, outros estudiosos argumentam que o termo adicção deveria ser monopólio dos transtornos causados pelo uso de substâncias (as drogas).

Ballone (on-line, 2005) indica que, “a neurobiologia do abuso de substâncias tem sido relativamente bem estudada, mas ainda não é perfeitamente evidente que os mecanismos envolvidos na drogadicção sejam os mesmos envolvidos na hipersexualidade”. Mas, Godoy (2016) encontrou respaldos em estudos realizados em 2014 com o uso de tecnologia de ponta como a Tomografia Computadorizada e a Ressonância Magnética, em que apontam para as reações do cérebro diante do vício sexual em materiais pornográficos, semelhante ou mais intenso que o uso de drogas. Citando Wilson, Godoy (2016) lembra que “os estudiosos chegaram à conclusão que, todos os vícios levam às mudanças no cérebro, entretanto o vício em pornografia é o que tem o maior potencial para viciar.” Mas estes estudos não são finais e as pesquisas prosseguem.

O compulsivo sexual traz como característica a hipersexualidade...

Conforme Ballone (on-line, 2005), hipersexualidade é o “aumento da sexualidade (desejo, fantasias e atividade) para além do socialmente habitual. Os comportamentos sexuais nas *parafilias costumam ser ritualísticos, ocultos e dissimulados, o que nem sempre (ou quase nunca) acontece no CSC.

É certo que o CSC se caracteriza por comportamentos sexuais impróprios, exagerados ou cognições que causam sofrimento subjetivo e comprometimento das funções ocupacional e interpessoal. Esse conceito agora apresentado deve ser utilizado de forma criteriosa para não incluir nele todo o comportamento sexual.

Em suas pesquisas, Carnes (2000) estabeleceu um ciclo em quatro etapas para o CSC.

primeira etapa é a preocupação, na qual a pessoa apresenta um afeto semelhante ao do transe, estando completamente absorta em pensamentos de sexo e partindo para busca obsessiva de estimulação sexual.

segunda etapa é uma ritualização, na qual a pessoa desenvolve uma rotina que leva ao comportamento sexual. O ritual serve para intensificar a excitação.

terceira etapa é da gratificação sexual, mediante o ato sexual em si, onde a pessoa se sente incapaz de controlar seu desejo.

quarta etapa, o desespero, vem após o Comportamento Sexual Compulsivo e se caracteriza por uma sensação de impotência e desânimo.

Esse autor termina observando que as pessoas com CSC gastam uma quantidade enorme de energia emocional para manter secretos seus comportamentos e inclinações sexuais, levando, paradoxalmente, ao isolamento social e sexual.
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Vocês observaram as etapas estabelecidas por Carnes? Viu o que ocorre na quarta etapa? O desespero ocorre nestas etapa e sabem o que o CSC faz para aplacar o desespero e a horrível sensação de aflição? Recorre ao sexo para aliviar as tensões causadas pela sensação de impotência e, de novo, o indivíduo entra em desespero.

Este é um ciclo interminável e por isto Carnes chama de ciclo. Se o CSC não buscar ajuda, estará fadada ao fracasso contínuo e consequentemente a possibilidade de suicídio como única saída para a sua condição de escravidão, auto tortura, etc.

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* Em breve, estaremos estudando um pouco a respeito das parafilias que, muitas vezes são confundidas com comportamento sexual compulsivo.
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Referências Bibliográficas

Ballone GJ - Comportamento Sexual Compulsivo - in. PsiqWeb Psiquiatria Geral, Internet, disponível em www.PsiqWeb.med.br, revisto em 2005

Carnes P, Schneider JP - Recognition and management of addictive sexual disorders: 
guide for the primary care clinician
. - Lippincotts Prim Care Pract 2000 May-Jun;4(3):302-18.

Godoy, RS - Pornografia na internet: danos ou benefícios? 2016


Coleman, E. - Is your patient suffering from compulsive sexual behavior? Psychiatr Annals 22:320-325, 1992.
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Um abraço fraterno aos nossos fiéis leitores e colaboradores. 


Ganharam o livro - Quebrando Cadeias - do Pr Celso Godoy, nossos colaboradores abaixo:

Carlos Antonio Nunes da Silva

Cleber Ferreira

Favor enviar endereço para o e-mail raigodoy@hotmail.com para que seu livro seja enviado a você! 



2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Um dos aspectos mais destrutivos da dependência sexual é o fato de eu carregar dentro de si, literalmente, meu suprimento.
    Parar com o sexo compulsivo é mais difícil do que as outras compulsões, ele vem antes e continua depois.

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