segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Entrevista - Consultora em Sexualidade: Leila Campos

Olá queridos e queridas!  


Ela é uma mulher empenhada e estudiosa. Está sempre inovando e apostando em tudo o que faz! Tem uma visão ampla e busca oferecer o melhor em suas palestras e comércio.

Atualmente, mora em Macaé, mas como ela diz: “Eu sou do Rio, sou carioca da gema”! É casada e seu sorrido mostra a felicidade desta união. Sempre muito gentil e ao mesmo tempo é firme em suas decisões e escolhas.

Então, vamos conhecer esta pessoa muito querida e estimada por quem a conhece!


SM – Queremos dar-lhe as boas-vindas e dizer que você é a nossa primeira entrevistada que está ligada diretamente à área da sexualidade. E isto nos dá uma sensação de muito contentamento, pois irá nos ajudar em questões muito importantes.
R- Agradeço essa oportunidade especialmente em poder compartilhar meus conhecimentos sobre a sexualidade. Esse é um tema muito importante especialmente por estar envolvido em muitos mitos, tabus e preconceitos que atravessam gerações e criam resistências e receios sobre um assunto tão importante para todos nós.

SM – Conte-nos um pouco de você.
R- Sou carioca da gema, rsrsrs e moro na cidade de Macaé-RJ há 24 anos, mas desde pequena já frequento essa cidade. Adorava passar as férias escolares na casa dos meus tios e brincar com meus primos. Aos 26 anos mudei definitivamente para esta cidade, sou casada e tenho uma filha de 22 anos.

SM – Então você é casada? Há quanto tempo está casada? O que o casamento representa para você?
R- Sou casada com Ricardo Vieira há sete anos. Aline, minha filha, é de meu casamento anterior, mas o importante é que todos nos damos muito bem inclusive com meu ex-marido com quem tenho um relacionamento amigável e respeitoso. Este laço de amizade é primordial para o psicológico dos filhos, independentemente da idade que eles tenham.
Casamento não é uma receita de bolo, mas existem ingredientes que não podem faltar tais como, comunicação aberta e franca, principalmente na intimidade, respeito, empatia, parceria nas atividades domésticas - não se trata de um ajudar o outro e sim a consciência do “fazerem juntos”. Além disso, numa relação saudável não pode faltar amor, carinho, companheirismo e cumplicidade.

SM – Hoje, você e seu esposo tem feito um bonito trabalho que ajuda as pessoas na área da sexualidade. Conte-nos um pouco de como é esse trabalho?
R- Atualmente somos consultores em Sexualidade, vamos nos formar em janeiro em Terapia Sexual. Realizamos consultorias individuais e com casais, auxiliando o/a cliente a compreender sua história sexual e o seu desenvolvimento e também como forma de reestabelecer a harmonia do relacionamento do casal. Um conjunto de técnicas são usadas para que o/a cliente possa se redescobrir em seus aspectos da sexualidade e também possam refletir sobre o porquê essa troca de energia deixou de acontecer. A terapia com o casal é realizada em duas etapas: inicialmente as sessões são individuais para que possamos trabalhar os aspectos inerentes à cada um. Numa segunda etapa reunimos o casal e o foco da terapia passa a ser as questões ligadas ao relacionamento onde são discutidos os aspectos ligados à comunicação, intimidade e o comportamento assertivo na relação.

É muito importante esclarecer que numa terapia de casal, ambos devem estar motivados em relação à terapia, mantendo uma atitude positiva em relação ao problema. Caso contrário podem ocorrer boicotes que tornam impossível o sucesso da terapia e, quanto isso acontece, as chances de ocorrer uma separação é elevada.

SM – Às vezes, o casamento é permeado de problemas, pois vida a dois não é fácil. Na área da sexualidade, diga alguns dos fatores que mais podem prejudicar a relação sexual do casal?
R- O ponto de partida para o sucesso na vida do casal é a comunicação. Pesquisas mostram que 80% dos casamentos acabam justamente por falta de comunicação.

Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, a sexualidade humana é parte integral da nossa personalidade. Ela é uma necessidade básica e um aspecto de nossa vida que não pode ser separado dos demais aspectos que estamos inseridos. Gosto de explanar sobre o que são esses aspectos da vida porque assim temos uma visão clara do contexto da sexualidade em nossa vida. Então vejamos: Nós nos dedicamos à nossa família, ao trabalho, lazer e vida social, culto religioso, estudos... E quanto ao aspecto de nossa sexualidade? Em que momento voltamos nossa atenção? Não estou aqui me referindo a coito, nem à presença ou não de orgasmo, sexualidade é muito mais do que isso. Falo de uma energia que motiva encontrar o amor, contato e intimidade e que se expressa na forma do sentir, no movimento das pessoas e como elas tocam e são tocadas, por isso deixo aqui a pergunta: Quando voltamos nossa atenção para esse aspecto de nossa vida? E a do nosso (a) parceiro (a)? Chega um momento na relação em que um diz para o outro: “Ei, estou aqui”. Felizmente, quando esse grito acorre, o relacionamento ainda está vivo, mas quando, ao contrário, o silêncio se estabelece, cria-se um abismo na comunicação que só tende a agravar a crise no relacionamento. Nesse estágio, a relação sexual já está bem comprometida, as inadequações sexuais tendem a crescer e as disfunções sexuais provenientes de causas emocionais ganham forma.

O conjunto de técnicas gerais e específicas que mencionei anteriormente, é utilizado para o tratamento das disfunções sexuais e das inadequações sexuais que, de uma forma simplificada são problemas sexuais envolvendo diminuição ou inibição do desejo sexual, dificuldades para manter o corpo excitado ou obstáculos para sentir satisfação com a atividade sexual.

Conceitualmente podemos definir as disfunções sexuais como sendo alguma alteração numa ou mais fases do ciclo de resposta sexual (desejo -  excitação – orgasmo) ou dor associada ao ato sexual, que se manifesta de forma persistente ou recorrente). Para o conceito de inadequação devemos considerar também o que seja adequação, ou seja, um casal que, funcional ou disfuncional, está satisfeito com sua interação na relação sexual e inadequado é aquele que não está. Por exemplo, uma mulher com vaginismo, cujo marido apresenta disfunção erétil, apesar de ambos terem uma disfunção, eles são convenientes um para o outro, pois ela não permitiria a penetração e ele não conseguiria penetrá-la, portanto estão adequados. Agora se um deles receber tratamento e o outro permanecer disfuncional, esse casal se tornará inadequado, pois o que não recebeu o tratamento não suportaria a demanda do outro.

Outro exemplo bem simples e bastante comum em nosso consultório são os casos em que um prefere fazer sexo à noite (normalmente o homem) enquanto o outro prefere sexo pela manhã. Quando isso ocorre estamos diante de um caso típico de inadequação sexual. Aqui vale uma dica: o homem normalmente prefere o sexo à noite porque a fase que se segue ao orgasmo é a resolução, um estado de bem-estar no qual o organismo necessita estar em repouso, não aceitando mais estimulação. Por isso é natural o homem dormir depois da relação sexual.

SM – Fale-nos sobre as disfunções sexuais femininas.
R- Das disfunções sexuais femininas, vou falar de duas que são as que mais frequentemente atendo em meu consultório. São elas a baixa libido ou falta de desejo sexual e o vaginismo.

O Desejo Sexual Hipoativo – DSH (baixa libido ou falta de desejo sexual) é a primeira queixa com maior frequência entre as mulheres que me procuram em meu consultório. Normalmente elas chegam com uma ou mais queixas relacionadas a:

Ausência de desejo sexual espontâneo,
Ausência de fantasias,
Fuga do relacionamento sexual (dor de cabeça, cansaço, sono...),
Resposta sexual insatisfatória em relação a excitação e ao orgasmo,
Baixa frequência,
Ansiedade.

E as causas mais comuns que levam a esse quadro de DSH são:

Doenças e substâncias químicas.
Alterações hormonais. 
Bloqueios emocionais e sexuais pessoais. 
Fatores negativos que envolvem o relacionamento do casal.

A outra disfunção sexual muito comum nas mulheres é o vaginismo, que pode ser definida como um reflexo de defesa que ocorre em forma de espasmos dos músculos perineais que se contraem provocando dor e impedindo total ou parcialmente a penetração da vagina impossibilitando ou dificultando a relação sexual e também o exame ginecológico. O vaginismo pode ser:

Primário: São os casos em que a dificuldade sexual se manifestou desde a primeira tentativa de penetração e, com maior frequência tem origem em causas psicossociológicas onde estão presentes educação restritiva ou punitiva a tal ponto de provocar repulsa pela atividade sexual. Também podem ser causas vivências sexuais negativas ou traumáticas, tentativas de estupro, abusos sexuais na infância como também relatos distorcidos da vida sexual.

Secundário: É aquele surgido após um período de vida sexual ativa e pode, igualmente, ser resultado de algum processo orgânico causador de dispareunia (dor na penetração). Numa situação em que a mulher seja capaz de se esquivar, o medo da dor pode ser tão intenso a ponto de provocar uma forte contratura da musculatura, desencadeando dor e alimentando a cadeia do processo do reflexo contrátil. Aqui também podem estar presentes fobia de câncer, exames ginecológicos traumáticos ou mesmo partos difíceis.

SM – Fale-nos sobre as disfunções sexuais masculinas.
R- Disfunção Erétil - A impotência sexual, também conhecida como disfunção erétil, é a incapacidade do homem em iniciar e/ou manter uma ereção do pênis suficiente para que haja relações sexuais.

A perda de ereção também pode se dar diante de sentimentos como ansiedade, medo, insegurança, perfeccionismo, os quais geram tanta ansiedade que leva o homem a criar um comportamento de espectador de seu desempenho sexual levando-o a um distanciamento do ato em si e dos momentos de prazer que o envolveria nas sensações eróticas. Resultado: por mais desejado e estimulante que seja o encontro, haverá uma recepção precária do momento e o pênis poderá não responder adequadamente.

A disfunção erétil pode ser resultado de problemas psicológicos e emocionais como:

Depressão
Estresse
Ansiedade por temor de desempenho.

Como também resultado de problemas físicos tais como:

Diabetes
Colesterol alto         
Distúrbios do sono
Hipertensão
Baixo nível de testosterona

Pode também ser resultado do uso de medicações ou uso de álcool e drogas.

Ejaculação Precoce ou rápida:
Na grande maioria dos casos a ejaculação precoce tem origem emocional, ligada principalmente a ansiedade. O tratamento dessa disfunção é realizado através de Terapia Sexual onde são aplicados exercícios e técnicas terapêuticas. Em graus elevados poderá haver o encaminhamento a um médico urologista para exames clínicos e/ou psiquiatra para prescrição de substâncias de controle da ansiedade.

Cobranças ou demonstrações de insatisfação da parceira em relação ao problema, invariavelmente agravam o quadro. Em última análise, todos os fatores geradores de ansiedade podem levar ao desencadeamento da ejaculação precoce.     

Outras disfunções: também fazem parte do quadro de disfunções sexuais masculina o desejo sexual hipoativo – DSH, aversão sexual, anorgasmia (quando o homem é incapaz de atingir o orgasmo, mesmo com estímulo sexual adequado) e dispareunia (dor genital associada ao ato sexual) 


SM – O que é mais complexo, tratar as disfunções ou a falta de diálogo entre os casais que tem este problema entre eles?
R- Quando o casal tem muita afinidade e a comunicação alinhada seja qual for o quadro, os tratamentos se tornam mais fáceis, no contrário o processo se torna bem mais complexo. Outro ponto importante a ser considerado é que as disfunções sexuais estão muito associadas a questões emocionais onde, a falta de comunicação funciona como fator agravante.

SM – Quem tem mais facilidade para procurar um profissional para falar sobre as questões sexuais: o homem ou a mulher? Por que?
R- Para esta resposta devemos considerar sobretudo a grande influência resultante de uma cultura patriarcal machista como a nossa, onde todos nós mulheres e homens somos vítimas. Diante de tantos mitos, tabus e preconceitos, o homem busca se perpetuar num patamar de conhecimento inato principalmente nas questões sexuais. Dessa forma a mulher tem muito mais facilidade em procurar ajuda para falar sobre suas necessidades, desejos e anseios.

SM – Sabemos que as disfunções sexuais, em sua maioria, têm origem psicológica, então, a ajuda de um psicólogo é o suficiente ou é melhor buscar uma orientação direta com um especialista em sexualidade?
R- Por definição, a terapia sexual é breve e focal e utiliza-se de técnicas gerais e específicas para tratamento de disfunções e inadequações sexuais. Além disso, a terapia sexual tem como objetivo auxiliar o/a cliente a compreender sua história sexual e o seu desenvolvimento. Nessa linha de atuação o terapeuta deve eliminar toda possibilidade de interferências orgânicas e/ou psicológicas que possam estar influenciando negativamente na saúde sexual de seu cliente. Dessa forma a atuação conjunta com médicos, psicólogos ou psiquiatras, dentro das necessidades que o caso apresente, é fundamental para o sucesso da terapia sexual.

SM – Em se tratando das disfunções sexuais o que você recomendaria para os casais de forma geral?
R- Vejam se essas situações lhe parecem familiar: a mulher apresenta pouca lubrificação e por isso a relação sexual não lhe é motivo de prazer dado o desconforto na penetração. Diante desse quadro o marido pensa que ela não o ama mais. Outra situação: O homem apresenta uma disfunção erétil e, nesse caso, a mulher pensa que ele a está traindo. Em terapia sexual, quando um casal busca ajuda por questões sexuais, digo que quem está doente é a comunicação e a intimidade do relacionamento. Portanto queixas sexuais é uma luz amarela sinalizando problemas no relacionamento e a ajuda de um profissional em terapia sexual é fundamental para se garantir a saúde e o bem-estar da vida sexual do casal

SM – O sistema de saúde no Brasil oferece, de forma gratuita, algum médico específico na área da sexualidade?
R- Existem as especialidades médicas tradicionais onde podemos destacar a Urologia, onde supostamente atuam os “especialistas nas questões sexuais masculinas”, a Ginecologia, onde supostamente atuam os “especialistas nas questões sexuais femininas” e a Hebiatria, ramo da medicina que trata das alterações típicas da adolescência. Entretanto sabe-se hoje que os problemas sexuais são bem mais abrangentes e não estão ligados somente a fatores fisiológicos e sim relacionados a aspectos biopsicossociais a serem tratados em seu conjunto de fatores desencadeadores das disfunções e inadequações sexuais. Esses aspectos extrapolam as áreas de atuação desses profissionais por requerer especialização específica em Sexologia e que nem todos a tem. Outro ponto importante a ser considerado são os fatores psicológicos intrínsecos às questões sexuais que, dependendo de sua extensão devem ser avaliados e acompanhados pela Psicologia e/ou Psiquiatria.

SM – O que gostaria de falar nesta entrevista que não foi contemplado nas outras perguntas?
R- Gostaria de deixar uma frase para reflexão: “O bem-estar da vida sexual do casal é um dos pilares para o fortalecimento da vida familiar”. Esse é o nosso lema e o propósito de nosso trabalho e outra que mostra a fundamental importância da comunicação na intimidade do casal: “Se o sexo traz consigo tantos perigos, foi por ter estado durante muito tempo reduzido ao silêncio”. Michel Foucault. 

SM – Saiba que sua entrevista vai ajudar a muitas pessoas que procuram o nosso blog e, por isto, ficamos muito agradecidos por sua disposição e colaboração. Por favor, deixe uma palavra para os nossos leitores.
R- Agradeço imensamente a oportunidade de poder plantar mais uma sementinha e desejo que essa entrevista possa motivar os leitores a serem agentes multiplicadores dessas informações tão preciosas.

Além de Consultores em Sexualidade, somos palestrantes na área da sexualidade, inclusive para o universo Gospel. Sou professora de Pompoarismo e proprietária da Mata Hari Boutique Sensual, loja física localizada na cidade de Macaé-RJ.

Nosso site está sendo reformulado para levar mais informações e novidades para o nosso público, faça-nos uma visita. www.mataharibs.com.br. Não deixe também de visitar e curtir nossa página no Facebook – “SEXUALIDADE EM AÇÃO”

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir

  2. Primeira mente agradeço a Sr¤Leila Campos, Perita em sexualidade;
    A cada dia que visito o blog fico mas enrriquecida com conhecimentos acerca do mesmo, gostaria de faser uma questão
    No que concerne a Difusão sexual feminina,será possível expo-lá?

    ResponderExcluir

Olá! Deixe seu comentário, sugestão, dicas e outros.