quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Entrevista com Celso Godoy: Sexualidade e Presídios

Olá a todos os amigos deste blog!

Sejam bem-vindos ao nosso espaço de entrevistas. Queremos agradecer a você que está sempre conosco e nos ajuda a construir nosso blog nos dando dicas e comentando sobre nossas postagens.

Estamos muito alegres por este espaço de entrevista, pois é aqui que podemos conhecer nossos leitores e amigos. É aqui que podemos entender outras mentes e refletir sobre nós mesmos e nossas condutas, decisões, escolhas e comportamentos.

Hoje, teremos uma entrevista com um convidado muito especial. Ele é pastor, conferencista, casado, pai de quatro filhos e três netos. Pós-graduado em Dependência Química e em Docência do Ensino Superior. Foi diretor do IESBEM-Instituto Espírito Santense Bem-Estar Menor, mas antes de tudo isto acontecer, ele esteve encarcerado nos presídios da Mata Escura em Salvador (Penitenciária Lemos de Brito), Pedra Preta (Colônia Penal Lafayete Coutinho) e, também, no extinto Carandiru.

Atualmente é Gestor Desenvolvimento e Expansão da AGIR - Agência Missionária Impacto Radical. Conheça a AGIR, você vai ser impactado: clique aqui!

É autor de 4 livros:

“Uma Porta Para a Vida” - Autobiografia que está na 12ª edição – dentre os relatos, está suas passagens pelos presídios
“Carandiru: Caldeirão do Diabo” – Este livro conta algumas histórias que vivenciou enquanto esteve no Carandiru
“Minha Missão no Romão” – Um livro de estudos bíblicos
“Quebrando Cadeias: Ministério Cristão em Comunidades Carcerárias” – aborda ainda a questão da dependência química e suas implicações

SM – Seja bem-vindo em nosso espaço de entrevistas. Acreditamos que, muitos de nossos leitores estão ansiosos por esta nossa conversa de hoje.
R-  Obrigado pela oportunidade, espero que seja útil

SM – Conte-nos um pouco de sua história de vida.
R- Sou de São Paulo, nasci na década de 50, filho de uma família comum paulistana, fruto de uma mistura de raças muito grande: Por parte de mãe, meu avô era espanhol, minha avó era argentina, filha de italianos. Por parte de pai: meu avô era filho de alemães, e avó era filha de índios brasileiros. Infância tumultuada, mas comum. Meu pai era policial e minha mãe, como se dizia à época “prendas domésticas”!

SM – Você viaja por várias partes do Brasil, há algum estado de nosso país que ainda não conhece?
R- Sim. Já viajei este Brasil de norte a sul. Os únicos estados que nunca estive foram Amapá e Roraima.

SM – “Uma Porta para a Vida” é o nome de uma de suas obras. Esta é autobiográfica e consta muitas histórias e relatos que se passaram em cadeias como: “Mata Escura”, “Pedra Preta” (ambas em Salvador/Ba), e o extinto “Carandiru” (em São Paulo), certo? Quanto tempo você esteve preso?
R- Se somássemos todas as minhas incursões em delegacias, cadeias públicas e outros “cubículos”, fui preso acho que umas cinquenta vezes, contando as prisões “correcionais” como eram conhecidas as detenções sem autorização da justiça na época da ditadura, quando começou minha vida complicada, por assim dizer (década de 80). Em 1980, minha primeira entrada no Carandiru, marcou meu ingresso numa vida de crimes, o primeiro dos nove processos que enfrentaria na vida. Mas na minha maior prisão foi de sete anos, 4 na penitenciaria de Salvador, e três no Carandiru, entre as décadas de 80 e 90.

SM – Muitos presidiários são casados e suas esposas vão visita-los. Fale-nos um pouco sobre a vida sexual no cárcere ao longo do tempo em que esteve encarcerado.
R- No primeiro momento de minha vida carcerária no início dos anos 80, não havia visita intima na prisão. Grande parte dos internos mantinham relações com seus colegas mais fracos, os que quebravam os códigos de ética do crime ou homossexuais assumidos. Neste tempo, tive vida sexual neutra, pois não tinha afeição por relacionamento com pessoas do mesmo sexo. Já depois de liberada a chamada “visita intima”, tive alguns relacionamentos com mulheres do mundo “extramuros”, de maneira aleatória, só por busca de um mínimo de prazer, no infortúnio do cárcere, até que me converti, me casei e passei a ter uma vida sexual regular, pois nesta época, os presídios onde estive tinham esta possibilidade.

SM – Quais são os presidiários que têm direito a visita íntima?
R- Quando o presídio tem um controle mais rígido por parte do serviço social e administração, os presos que provam relacionamento estável (é claro que, em grande parte dos presídios brasileiros, sempre é possível corromper alguém para quebrar esta regra). Nos presídios onde não existe muito critério, todos os que desejarem, com quem estiver disponível, inclusive através de prostituição de garotas de fora que visitam presos no intuito de aumentar sua renda.

SM – Os homens que tem práticas homossexuais e são presos, são separados por alas ou eles são misturados entre outros presos?
R- Depende do estabelecimento. Em alguns, existem alas especificas para pessoas com opção sexual diferenciada, mas na maioria das unidades, ficam juntos. Em São Paulo, existe inclusive presídios só para homossexuais.

SM – Há alguma notícia a respeito de como seria se uma transexual fosse presa? Onde ficaria, caso não tenha realizado a cirurgia?
R- Ficaria numa unidade onde estivessem pessoas do mesmo sexo (o que consta nos documentos).

SM – Em se tratando dos homossexuais, a visita íntima também é um direito?
R- Não estou atualizado a este respeito, mas me consta que em algumas unidades prisionais do país, isso é possível, desde que se comprove uma união estável dos dois ou das duas.

SM – Qual é a sua visão em relação a visita íntima no geral nos presídios brasileiros?  
R- Penso que muito mais do que um benefício, é um direito, principalmente para aqueles que tem relação estável. Já que o companheiro ou companheira do aprisionado (a), não pode ser punido com a abstenção de sua vida sexual, já que a pena é individualizada, sem contar que a atividade sexual, traz um pouco mais de paz e tranquilidade ao encarcerado.

SM – Deixe uma mensagem aos nossos leitores.
R- Bem, seguindo a temática desta entrevista, sugiro que se mantenha na linha para não passar pelos mesmos constrangimentos que passei (rs). Que o Senhor Nosso Deus dê a cada leitor uma vida de muita paz, e que sejam abençoados em tudo o que fazem.

SM – Agradecemos sua entrevista e disposição em colaborar com nosso blog.
R- Obrigado! Sempre ao seu dispor.

Conheça um pouco mais de Celso Godoy

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Bem, esta foi a nossa entrevista tão prometida e esperamos que vocês tenham gostado. No dia 15 de Dezembro estaremos realizando 2 sorteios: um dos livros do Pr Celso Godoy e um objeto decorativo. Deixe seu comentário e, quem sabe, você seja o sorteado?

Um abraço fraterno a todos!

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