Olá
a todos os amigos deste blog!
Sejam
bem-vindos ao nosso espaço de entrevistas. Queremos agradecer a você que está
sempre conosco e nos ajuda a construir nosso blog nos dando dicas e comentando
sobre nossas postagens.
Estamos
muito alegres por este espaço de entrevista, pois é aqui que podemos conhecer
nossos leitores e amigos. É aqui que podemos entender outras mentes e refletir
sobre nós mesmos e nossas condutas, decisões, escolhas e comportamentos.
Hoje,
teremos uma entrevista com um convidado muito especial. Ele é pastor,
conferencista, casado, pai de quatro filhos e três netos. Pós-graduado em
Dependência Química e em Docência do Ensino Superior. Foi diretor do IESBEM-Instituto
Espírito Santense Bem-Estar Menor, mas antes de tudo isto acontecer, ele esteve
encarcerado nos presídios da Mata Escura em Salvador (Penitenciária Lemos de
Brito), Pedra Preta (Colônia Penal Lafayete Coutinho) e, também, no extinto
Carandiru.
Atualmente é Gestor Desenvolvimento e Expansão da AGIR - Agência Missionária Impacto Radical. Conheça a AGIR, você vai ser impactado: clique aqui!
É
autor de 4 livros:
“Uma
Porta Para a Vida” - Autobiografia que está na 12ª edição – dentre os relatos,
está suas passagens pelos presídios
“Carandiru:
Caldeirão do Diabo” – Este livro conta algumas histórias que vivenciou enquanto
esteve no Carandiru
“Minha
Missão no Romão” – Um livro de estudos bíblicos
“Quebrando
Cadeias: Ministério Cristão em Comunidades Carcerárias” – aborda ainda a
questão da dependência química e suas implicações
SM
– Seja bem-vindo em nosso espaço de entrevistas. Acreditamos que, muitos de
nossos leitores estão ansiosos por esta nossa conversa de hoje.
R- Obrigado pela oportunidade, espero que seja
útil
SM
– Conte-nos um pouco de sua história de vida.
R-
Sou de São Paulo, nasci na década de 50, filho de uma família comum paulistana,
fruto de uma mistura de raças muito grande: Por parte de mãe, meu avô era
espanhol, minha avó era argentina, filha de italianos. Por parte de pai: meu avô
era filho de alemães, e avó era filha de índios brasileiros. Infância
tumultuada, mas comum. Meu pai era policial e minha mãe, como se dizia à época
“prendas domésticas”!
SM
– Você viaja por várias partes do Brasil, há algum estado de nosso país que
ainda não conhece?
R-
Sim. Já viajei este Brasil de norte a sul. Os únicos estados que nunca estive
foram Amapá e Roraima.
SM
– “Uma Porta para a Vida” é o nome de uma de suas obras. Esta é autobiográfica
e consta muitas histórias e relatos que se passaram em cadeias como: “Mata
Escura”, “Pedra Preta” (ambas em Salvador/Ba), e o extinto “Carandiru” (em São
Paulo), certo? Quanto tempo você esteve preso?
R-
Se
somássemos todas as minhas incursões em delegacias, cadeias públicas e outros
“cubículos”, fui preso acho que umas cinquenta vezes, contando as prisões
“correcionais” como eram conhecidas as detenções sem autorização da justiça na
época da ditadura, quando começou minha vida complicada, por assim dizer
(década de 80). Em 1980, minha primeira entrada no Carandiru, marcou meu
ingresso numa vida de crimes, o primeiro dos nove processos que enfrentaria na
vida. Mas na minha maior prisão foi de sete anos, 4 na penitenciaria de
Salvador, e três no Carandiru, entre as décadas de 80 e 90.
SM
– Muitos presidiários são casados e suas esposas vão visita-los. Fale-nos um
pouco sobre a vida sexual no cárcere ao longo do tempo em que esteve
encarcerado.
R-
No primeiro momento de minha vida carcerária no início dos anos 80, não havia
visita intima na prisão. Grande parte dos internos mantinham relações com seus
colegas mais fracos, os que quebravam os códigos de ética do crime ou
homossexuais assumidos. Neste tempo, tive vida sexual neutra, pois não tinha
afeição por relacionamento com pessoas do mesmo sexo. Já depois de liberada a
chamada “visita intima”, tive alguns relacionamentos com mulheres do mundo
“extramuros”, de maneira aleatória, só por busca de um mínimo de prazer, no
infortúnio do cárcere, até que me converti, me casei e passei a ter uma vida
sexual regular, pois nesta época, os presídios onde estive tinham esta
possibilidade.
SM
– Quais são os presidiários que têm direito a visita íntima?
R-
Quando o presídio tem um controle mais rígido por parte do serviço social e
administração, os presos que provam relacionamento estável (é claro que, em
grande parte dos presídios brasileiros, sempre é possível corromper alguém para
quebrar esta regra). Nos presídios onde não existe muito critério, todos os que
desejarem, com quem estiver disponível, inclusive através de prostituição de
garotas de fora que visitam presos no intuito de aumentar sua renda.
SM
– Os homens que tem práticas homossexuais e são presos, são separados por alas
ou eles são misturados entre outros presos?
R-
Depende
do estabelecimento. Em alguns, existem alas especificas para pessoas com opção
sexual diferenciada, mas na maioria das unidades, ficam juntos. Em São Paulo,
existe inclusive presídios só para homossexuais.
SM – Há alguma notícia a respeito de como
seria se uma transexual fosse presa? Onde ficaria, caso não tenha realizado a
cirurgia?
R-
Ficaria numa unidade onde estivessem pessoas do mesmo sexo (o que consta nos
documentos).
SM
– Em se tratando dos homossexuais, a visita íntima também é um direito?
R-
Não estou atualizado a este respeito, mas me consta que em algumas unidades
prisionais do país, isso é possível, desde que se comprove uma união estável
dos dois ou das duas.
SM
– Qual é a sua visão em relação a visita íntima no geral nos presídios
brasileiros?
R-
Penso que muito mais do que um benefício, é um direito, principalmente para
aqueles que tem relação estável. Já que o companheiro ou companheira do
aprisionado (a), não pode ser punido com a abstenção de sua vida sexual, já que
a pena é individualizada, sem contar que a atividade sexual, traz um pouco mais
de paz e tranquilidade ao encarcerado.
SM
– Deixe uma mensagem aos nossos leitores.
R-
Bem, seguindo a temática desta entrevista, sugiro que se mantenha na linha para
não passar pelos mesmos constrangimentos que passei (rs). Que o Senhor Nosso
Deus dê a cada leitor uma vida de muita paz, e que sejam abençoados em tudo o
que fazem.
SM
– Agradecemos sua entrevista e disposição em colaborar com nosso blog.
R-
Obrigado! Sempre ao seu dispor.
Conheça um pouco mais de Celso Godoy
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Bem, esta foi a nossa entrevista tão prometida e esperamos que vocês tenham gostado. No dia 15 de Dezembro estaremos realizando 2 sorteios: um dos livros do Pr Celso Godoy e um objeto decorativo. Deixe seu comentário e, quem sabe, você seja o sorteado?
Um abraço fraterno a todos!
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